Título: "Não posso falar de política", diz Lula em SP
Autor: Ilton Caldeira e Marli Olmos
Fonte: Valor Econômico, 21/10/2004, Política, p. A-6

Ontem durante a inauguração da Clínica de Especialidades Odontológicas no bairro do Campo Limpo, zona sul da capital paulista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou falar de política, mas o secretário de Saúde do município, Gonzalo Vecina Neto, se encarregou de dar o tom político ao evento ao rebater críticas feitas ao longo da campanha eleitoral pelo candidato José Serra (PSDB). O tucano chegou a afirmar em debates e entrevistas que durante a administração petista houve um apagão na área da saúde. "Apagão foi uma palavra inventada vocês lembram quando e por que. Não foi inventada agora. Aqui a saúde está sendo tratada como merece e está avançando.", disse o secretário para uma platéia de aproximadamente mil pessoas. Além do presidente Lula e do secretário Vecina, participaram da inauguração a primeira-dama, Marisa Letícia, o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), o ministro da Saúde, Humberto Costa e o prefeito em exercício de São Paulo, Hélio Bicudo. Durante seu discurso, o presidente destacou a importância dos investimentos públicos na área de saúde bucal. Lula falou de improviso, mas tomou cuidado para não mencionar o nome de Marta Suplicy e evitar polêmicas por causa do período eleitoral. "Não posso falar de política", disse o presidente. Em resposta a Lula, a população presente à inauguração, empunhando bandeiras do PT e da candidata petista à Prefeitura de São Paulo, gritou em coro: "Fala. Fala. Fala". O pedido foi ignorado pelo presidente. Ao final do discurso de Lula, dois ovos foram jogados na direção do palco onde estavam as autoridades. Um atingiu um morador da região que acompanhava a fala do presidente. O outro passou próximo da primeira-dama e caiu ao lado do ministro da Saúde, Humberto Costa. Apesar do incidente não houve tumulto. Depois do discurso, Lula desceu do palco e caminhou em direção ao público. Em seguida, o presidente seguiu para a zona norte da capital onde participou da abertura da 23ª edição do Salão Internacional do Automóvel. Hoje a Justiça Eleitoral de São Paulo julga um recurso da Advocacia Geral da União (AGU) contra sentença que condenou o presidente ao pagamento de multa de R$ 50 mil, pelo discurso feito na inauguração da extensão da Avenida Radial Leste, em 18 de setembro, em favor da reeleição da prefeita Marta Suplicy.