Título: Aposta pesada na internet
Autor: Iunes, Ivan
Fonte: Correio Braziliense, 09/04/2010, Política, p. 2

Lançamento amanhã da campanha de Serra à Presidência será transmitido ao vivo pela rede mundial de computadores, com o uso do Twitter, do YouTube e do Facebook, mas com um discurso sem críticas agressivas ao presidente Lula

O PSDB dará início amanhã ao projeto de volta ao Palácio do Planalto, quase oito anos depois do fim do governo de Fernando Henrique Cardoso. O lançamento da candidatura de José Serra à Presidência da República, no Centro de Convenções Brasil 21, terá o intuito de rejuvenescer o discurso e a imagem de uma legenda que ainda carrega boa parte das bandeiras apresentadas em eleições presidenciais anteriores. Debruçado sobre a tarefa de renovação, o marketing tucano preparou um evento focado em tecnologia de ponta, com transmissão ao vivo pela internet e via Twitter. Sem esquecer temas recorrentes, como austeridade fiscal e desenvolvimento econômico, os discursos do dia apontarão um conjunto de projetos para o futuro do país, sem críticas agressivas ao atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.

Orçado em R$ 500 mil, o lançamento da candidatura de José Serra ambiciona atrair pouco mais de 2 mil pessoas, entre parlamentares, políticos sem mandato, prefeitos e governadores. A montagem do palco começa hoje, a partir das 7h. Logo na entrada, uma televisão de LCD exibirá o Twitter de Serra, que hoje conta com 189.564 seguidores. O candidato deve aproveitar para enviar mensagens antes e durante o evento. O palco terá quatro telões, que transmitirão depoimentos de militantes tucanos, e um banner com as cores do partido. Vinte computadores estarão disponíveis para apresentarem as mídias sociais da legenda, como YouTube, Twitter e Facebook.(1)

Os discursos serão feitos em um púlpito. Estão escalados, em ordem, os presidentes do PPS, Roberto Freire; do DEM, Rodrigo Maia; e do PSDB, Sérgio Guerra. São os partidos que compõem a aliança nacional de Serra à Presidência. Depois, falará ao público o ex-governador mineiro Aécio Neves, expoente do tucanato. O ex-presidente Fernando Henrique não estava incluído entre os oradores, mas vai discursar. A intenção é fugir dos ataques do PT, que acusa a legenda de negar a herança deixada por FHC. Cada fala terá cerca de 10 minutos. A mestra de cerimônias será a modelo e apresentadora Ana Hickman. A expectativa é de que José Serra comece a falar próximo do meio-dia e demore pouco mais de uma hora. O discurso deve adotar um tom menos agressivo do que o utilizado por Dilma Rousseff (PT) e evitar críticas duras à política atual do governo federal. Serra deve enumerar problemas econômicos, de infraestrutura e sociais. Venderá a imagem de que é a melhor opção para conduzir o país a muito mais. E baterá na tecla do combate à corrupção, calo da campanha petista.

Estratégia Até o lançamento da candidatura, a campanha de Serra já terá o roteiro pré-definido. O marketing está nas mãos de Luiz González, antigo colaborador do candidato em eleições e consultor do discurso principal que será lido amanhã. A coordenação ficará com o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE). Quatro deputados federais vão atuar como interlocutores do candidato: José Carlos Aleluia (DEM-BA); Paulo Bornhausen (DEM-SC); Fernando Coruja (PPS-SC); João Almeida (PSDB-BA). Outro político do PSDB deve completar o grupo, provavelmente Nárcio Rodrigues (MG). Parlamentar historicamente ligado a Serra, Jutahy Magalhães (PSDB-BA) servirá como articulador do candidato no Congresso.

A missão do grupo dos cinco será o de assumir a função de para-choques da campanha de Serra. Eles ficarão com a responsabilidade de defender o candidato de possíveis críticas e fazer a articulação com a imprensa. O comando tucano deve centrar fogo em Minas Gerais, para capitalizar os índices de aprovação de Aécio Neves. O estado também é cortejado pelo PT, conforme demonstrou visita recente de Dilma Rousseff ao túmulo do ex-presidente Tancredo Neves, em São João Del Rey. A coordenação mineira da campanha ficará a cargo dos deputados federais tucanos Rodrigo de Castro e Nárcio Rodrigues, do deputado estadual Marcos Pestana (PSDB), e do secretário de Governo de Minas Gerais, Danilo de Castro.

A tarefa do grupo mineiro será a de atrair o PMDB estadual para a campanha de Serra, de olho no azedamento das relações da legenda com o PT. No início da semana, a candidata petista Dilma Rousseff chegou a sugerir um voto Dilmasia, na tentativa de atrair o eleitorado do governador Antônio Anastasia (PSDB), que disputará a reeleição. A fala gerou desconforto no PMDB, que lançará o ex-ministro das Comunicações Hélio Costa para o posto. Para atiçar a campanha no segundo maior colégio eleitoral do país, o programa de governo do candidato tucano ao Planalto trará diversas intervenções no estado, como obras no metrô e reforma do Anel Viário de Belo Horizonte.

Colaborou Tiago Pariz

1 - Redes sociais O Twitter permite aos usuários que enviem e recebam atualizações pessoais de outros contatos (em textos de até 140 caracteres, conhecidos como tweets). O YouTube é um site que permite que seus usuários carreguem e compartilhem vídeos em formato digital. Já o Facebook é uma rede de relacionamentos, tipo Orkut, onde os usuários podem se juntar, como um colégio, um local de trabalho ou uma região geográfica.

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Governador rejeita Dilmasia

Juliana Cipriani

Pré-candidato à reeleição em Minas, o governador Antonio Anastasia (PSDB) rejeitou ontem a possibilidade do voto apelidado de Dilmasia, em que os mineiros o escolheriam para continuar no Palácio da Liberdade e, para a Presidência, optariam pela ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff (PT). Um dia depois de a petista concordar e até sugerir outro nome para a dobradinha Anastadilma , Anastasia disse que o PSDB tem um candidato, o ex-governador José Serra, e que acredita na transferência dos votos mineiros para ele, em razão dos altos índices de aprovação do governo estadual.

Dilma iniciou a campanha por Minas esta semana, visitando cidades históricas e Belo Horizonte. Em território de alta aprovação do governo do PSDB, a ex-ministra disse acreditar na reedição do chamado Lulécio, quando prefeitos pediram votos em 2006 para o presidente Lula (PT) e o então governador, Aécio Neves (PSDB), que tentavam a reeleição. Ela chegou a pedir a inversão para Anastadilma, para evitar a sugestão negativa gerada pela sonoridade da palavra.

Anastasia disse ficar orgulhoso por entender a fala de Dilma como um elogio a Aécio Neves, mas não acredita na repetição por meio do Dilmasia. Naturalmente tínhamos naquele momento carismas diferenciados e cada eleição é uma. Segundo o governador, o trabalho será para eleger o pré-candidato José Serra, que será lançado em evento do PSDB amanhã. Para o tucano, o pleito será focado na discussão de propostas. As propostas do PSDB e dos partidos que comporão essas alianças serão mais fortes, tanto no nível estadual quanto no federal. Portanto, em Minas Gerais tenho muita convicção de que teremos uma vitória com nosso candidato, como também, eventualmente com meu nome sendo candidato a reeleição, afirmou. Recém-empossado, Anastasia esteve ontem em Brasília para as primeiras visitas oficiais no cargo. O tucano se reuniu com o presidente Lula e os presidentes do Senado, José Sarney (PMDB), e da Câmara, Michel Temer (PMDB).

A festa

R$ 500 mil Estimativa de quanto custará o evento de lançamento da pré-candidatura de José Serra à Presidência, no Centro de Convenções Brasil 21

10 minutos Tempo médio de cada discurso no evento.

Além de Serra, estão previstos as falas dos presidentes do PSDB, DEM, PPS, e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves

1,5 mil Capacidade de público no Centro de Convenções Brasil 21. No entanto, foram emitidos mais de 2 mil convites

189.565 Quantidade de seguidores que José Serra tem em seu twitter (www.twitter.com/joseserra_) até o fechamento desta edição