Título: SulAmérica reafirma parceria
Autor: Janes Rocha
Fonte: Valor Econômico, 10/06/2005, Finanças, p. C1
Seguros Presidente do grupo desmente boatos de que ING estaria deixando a sociedade
A família Larragoiti e o grupo holandês ING não pretendem desfazer a parceria que mantém há seis anos na SulAmérica Seguros, e que se consolidou em 2002, quando os sócios estrangeiros adquiriram 49% do grupo. Pelo menos foi o que garantiu o presidente Patrick Larragoiti de Lucas, herdeiro (na quinta geração) da família de origem espanhola que fundou a SulAmérica há 110 anos. Em entrevista exclusiva ao Valor, Larragoiti classificou como "fofoca" informações que circulam no mercado de que os sócios estariam prestes a se separar. Maior e mais antiga companhia de seguros independente do país, com R$ 6 bilhões em faturamento anual e 2ª maior depois da Bradesco Seguros, a SulAmérica lucrava cerca de R$ 20 milhões quando se associou aos holandeses - que ainda colocaram perto de US$ 160 milhões em dinheiro novo na companhia. De lá para cá, os resultados se deterioraram e no ano passado o balanço foi um prejuízo de R$ 48 milhões. Patrick atribui o mau desempenho à carteira de seguro saúde. O empresário não tem muitos motivos para comemoração. Em outubro do ano passado ele perdeu a mãe, Beatriz Larragoiti, que faleceu aos 73 anos. Em março deste ano, Helio Novaes, o principal executivo, deixou a companhia depois de 20 anos de carreira dentro da empresa. Mas Patrick não perdeu o ânimo e aposta no crescimento dos negócios na área de vida e previdência que, para ele, ganharam fôlego com as novas regras de tributação dos planos de previdência. Valor: Patrick Larragoiti: Nada mudou. Estou na 5ª geração e há um acordo de acionistas (entre os familiares) feito pelo meu avô, há muitos anos. Essa é uma questão totalmente resolvida na nossa família. A última atualização do acordo de acionistas foi há dez anos. Valor: Como anda a seleção para o substituto do Hélio Novaes? Larragoiti: Sem pressa nenhuma, estamos procurando. Escolher uma pessoa do gabarito do Helio não é fácil. Valor: Já tem candidatos? Quantos? Larragoiti: Tem. São poucos os candidatos de excelente nível, que tenham o conhecimento e a visão necessárias. O mais importante é escolher a pessoa certa. Nem nós nem o ING temos prazo. Valor: Os balanços da Sul América desde 2001 mostram resultados cadentes, que só não são menores devido à boa contribuição da equivalência patrimonial da Brasil Veículos. Qual a estratégia para recuperar resultados? Larragoiti: O que afetou nossos resultados nos últimos três anos foi o seguro saúde. A questão do congelamento de preços, incremento de custos médicos e hospitalares, dificuldades na negociação com hospitais, com os médicos, levaram sem dúvida nenhuma a uma deterioração muito grande de nossos resultados. O seguro saúde, que representava 60% do nosso faturamento no passado, hoje só representa 50% e a tendência é um equilíbrio maior de nossa carteira daqui para frente. Valor: E as outras carteiras? Larragoiti: Os resultados das atividades de automóveis, comerciais, previdência e gestão de ativos mostram uma evolução muito além do que tínhamos orçado. Além disso, conseguimos crescer nas áreas e segmentos que nos interessavam e melhorar nosso índice de sinistralidade. Também temos redução nos custos administrativos e operacionais muito expressiva. Inclusive no primeiro trimestre (de 2005), pela primeira vez nossos custos administrativos têm índice inferior a dez pontos percentuais, o que é um "benchmark" a nível internacional. Valor: Vocês continuam investindo na carteira de saúde ou não? Larragoiti: Continuamos com o mesmo enfoque que tínhamos, isto é, paramos há seis meses de aumentar a carteira de vida individual, centramos nossos esforços em apólices grupais, de grande porte, permitindo à Sul América ter grandes volumes e um processo de economia de escala, e também no mercado de pequenas e médias empresas, em que as margens são maiores que nas apólices grupais. Valor: Circulam informações de bastidores e notas na imprensa de que vocês estariam para desfazer a parceria com ING. É verdade? Larragoiti: Não, o relacionamento que temos é excelente, temos a mesma visão sobre o Brasil, não tem ninguém querendo modificar a parceria que já existe há mais de seis anos. É fofoca.