Título: Pesquisa mostra quem compra produto pirata
Autor: Zínia Baeta
Fonte: Valor Econômico, 10/06/2005, Legislação & Tributos, p. E1

Uma pesquisa do Ibope mostra que o consumo de produtos piratas é uma prática bem aceita entre a população e abrange uma lista bem mais extensa do que os já conhecidos CDs, DVDs e softwares. O instituto apurou que o país teve no último ano 20 milhões de consumidores de tênis falsificados e outros 36 milhões de compradores de roupas piratas. O valor do gasto nesses dois produtos foi estimado em R$ 11,4 bilhões. Encomendado pelo Instituto Dannemann Siemsem, pela Câmara de Comércio dos Estados Unidos e pela Warner Bros., a pesquisa detalhou o perfil do consumidor na cidade de São Paulo, tomada como termômetro da situação no resto do país. Apenas 40% dos paulistanos admitiram nunca ter comprado um produto pirata, e a principal justificativa para a opção é o preço, visto como metade ou até menos do que o preço do original. Uma das descobertas da pesquisa é que as classes altas são tão consumidoras de produtos piratas quanto as mais baixas. Exceções ficaram para os segmentos de roupas e tênis: enquanto 21% dos entrevistados da classe C adquiriram roupas falsificadas, nas classes A e B o índice foi de 9%. No caso dos tênis, apenas a classe A se salvou: 7% dos mais ricos compraram falsificações, índice que fica ao redor de 15% nas classes B, C e D. Chamou a atenção o aumento do consumo de produtos piratas entre a população mais jovem. No caso de roupas, há 31% de consumidores de artigos piratas na população entre 16 a 24 anos, índice que cai para 17% na faixa de 25 a 29 anos e para 10% entre 40 a 49 anos. A pesquisa deverá orientar as ações de educação do Plano Nacional de Combate à Pirataria, ao lado das medidas econômicas e da repressão. "É preciso de um plano cultural para a evitar a compra desses produtos", diz José Luis Werner, do escritório Dannemann Siemsen. A repressão, segundo Werner, é prejudicada pela lentidão da Justiça e a atuação econômica é centrada na redução dos preços dos produtos. De acordo com a representante da Câmara de Comércio dos Estados Unidos, Solange Machado, a pesquisa indica que as ações deverão ser concentradas em atividades em escolas e universidades. Pensa-se também em promover atividades de merchandising em novelas para criar novos hábitos e lançar linhas de produto de marca voltados às populações de renda mais baixa, a fim de saciar os anseios de consumo.