Título: BNDES registra recuperação de consultas em maio
Autor: Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 14/06/2005, Brasil, p. A3

Conjuntura Volume de cartas que indicam intenção das empresas de realizar investimentos cresce 24,6%

Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) até maio ficaram aquém das expectativas, indicou ontem o presidente da instituição, Guido Mantega. De janeiro a maio, o BNDES desembolsou R$ 15,1 bilhões - cerca de um quarto dos R$ 60,8 bilhões previstos para este ano -, com crescimento de 7% em relação a igual período de 2004. As cartas-consulta, termômetro da intenção de investimento das empresas, somaram R$ 35 bilhões no acumulado de cinco meses, com alta de 2% sobre janeiro-maio do ano passado. Somente em maio, o crescimento foi de 24,6 %. "A meta até maio seria atingir crescimento (nos desembolsos) de mais de 20%, o que seria superado se a agropecuária, o Moderfrota (programa que financia tratores e colheitadeiras com juros fixos) e o setor elétrico tivessem atingido as previsões", avaliou Mantega. De janeiro a maio, o banco desembolsou R$ 1,75 bilhão para a agropecuária, com queda de 30% sobre igual período de 2004. Os desembolsos para a agroindústria somaram R$ 658 milhões, caindo 33%, e totalizaram R$ 1,36 bilhão no caso do setor elétrico, valor 40% menor do que o mesmo período do ano passado. A seca, que reduziu a produção agrícola no Sul, e a forte renovação de máquinas agrícolas dos últimos anos explicam a queda nos desembolsos do BNDES para agricultura e agroindústria. "Liberar menos recursos para setor elétrico não é ruim, porque significa que o setor está se recuperando e conseguindo recursos de outras fontes", avaliou Mantega. "O fato de não termos atingido (a expectativa de desembolsos) não deve obscurecer o desempenho de outros setores." Os desembolsos para a indústria de transformação, ponta-de-lança da economia em períodos de crescimento, atingiram R$ 7,48 bilhões de janeiro a maio, crescimento de 23% sobre igual período de 2004. No segmento industrial, destacam-se os sub-setores de metalurgia (+ 71% nos desembolsos do período), mecânica (70%) e material de transporte (29%). Um indicador importante para medir o nível de atividade é o enquadramento, fase anterior à aprovação dos empréstimos. De janeiro a maio, o BNDES enquadrou operações equivalentes a R$ 34,4 bilhões, com alta de 40%. "No segundo semestre do ano, teremos liberação mais volumosa, refletindo os enquadramentos de operações, o fator sazonal e também porque vai começar a funcionar a conta de crédito rápido, em fase final de elaboração", ponderou Mantega. A conta permitirá que empresas que já são clientes do banco recebam uma espécie de cheque especial, que irá agilizar a concessão do crédito. O mecanismo deve entrar em vigor ainda este mês. Mantega mostrou otimismo em relação ao desempenho da economia e à retomada dos investimentos no segundo semestre. No BNDES, houve sinalização de aumento no número de consultas, indicou. Com a inflação sob controle, as taxas de juros poderiam parar de subir, estimulando a economia. "Se isso ocorrer, haverá sinalização positiva para os investimentos. O investidor perceberá que a luta contra a inflação está ganha, que a inflação está sob controle, e poderá prever política monetária mais branda para estimular investimentos", argumentou o presidente do banco. Ele também admitiu a hipótese de a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que corrige os empréstimos do banco, cair quando a taxa básica da economia, a Selic, começar a ser reduzida.