Título: Pequenos partidos articulam bloco poder petista
Autor: Henrique Gomes Batista
Fonte: Valor Econômico, 21/10/2004, Política, p. A-7

Cinco partidos, quatro da base aliada do governo - PPS, PSB, PV, PCdoB - e o PDT iniciaram ontem, na Câmara dos Deputados, um movimento de atuação parlamentar conjunta. O objetivo dos partidos, que reúnem 69 deputados, é dar força política à ação parlamentar dessas legendas pequenas, além de fortalecê-las diante das articulações para aprovação de uma reforma política que poderá afetá-los. O grupo já estava discutindo esta ação articulada há três meses. Esses partidos querem aumentar o peso de suas opiniões, diante dos atropelos que sofrem com a força da máquina do PT na base governista. No almoço de líderes, na terça-feira, na casa do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), não puderam, segundo relatam, discutir o que pretendiam. Entre os assuntos vetados pelo PT estavam as medidas provisórias (MPs) que tratam dos transgênicos, da proposta de acordo para a revisão dos benefícios previdenciários e do abono de R$ 100 para o Imposto de Renda. A nova frente, entretanto, não significa, segundo alguns de seus integrantes, um "rompimento" com o governo, mas uma reorganização de forças dentro da base. O líder do PPS na Câmara, deputado Júlio Delgado (MG), negou que esta conjunção de ação dos partidos, "que não sabemos ainda se será um bloco, um movimento ou uma organização", tenha relação com o anúncio, por seu partido, da obstrução das votações até o segundo turno. "O objetivo do bloco é nos fazer sermos ouvidos e a obstrução é uma questão de valores do PPS", afirmou o deputado. Embora avisados previamente do movimento, líderes governistas e o presidente da Casa reagiram com surpresa e desdém, afirmando que a iniciativa e seu efeito durariam apenas alguns dias.