Título: Pressa no repasse dos R$ 200 milhões
Autor: Foreque, Flávia
Fonte: Correio Braziliense, 09/04/2010, Brasil, p. 11

Segundo ministro do Planejamento, dinheiro da União para dar início à reconstrução do estado chegará em até duas semanas. Governo não descarta enviar mais recursos

A ajuda de R$ 200 milhões oferecida pelo governo federal ao Rio de Janeiro, para suprir demandas emergenciais do estado atingido por fortes chuvas, deve chegar em, no máximo, 15 dias. A garantia foi do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. O repasse é feito ressaltou ele após o envio de relatório de avaliação de danos, homologado na Defesa Civil, pelos 15 municípios fluminenses que receberão o benefício. Paulo Bernardo disse ainda que, caso o envio seja feito após 30 dias, a liberação dos recursos só poderia ocorrer por meio de convênios processo que exige maior burocracia.

Se o relatório chegar em até 15 dias, o Ministério de Integração Nacional libera por meio de termo de compromisso, e é mais rápido, disse o ministro.

O dinheiro que será repassado ao estado do Rio de Janeiro tem como origem recursos já destinados anteriormente pela União, por meio de medida provisória, aos estados atingidos por fortes chuvas, como o Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais. Dessa forma, a verba pode ser enviada mais rapidamente. A decisão foi tomada na manhã de ontem, após reunião do ministro do Planejamento com a ministra da Casa Civil, Erenice Guerra e com o ministro da Integração Nacional, João Santana.

Dos R$ 200 milhões, a capital carioca receberá R$ 90 milhões, enquanto os outros R$ 110 milhões serão repassados para cidades como Niterói e São Gonçalo. O governo não descarta a possibilidade de editar nova medida provisória destinando mais recursos para a região.

Além da ajuda emergencial, o governo anunciou ainda o envio de 50 ambulâncias do programa de renovação da frota do Serviço de Assistência Móvel de Urgência (Samu). A previsão é de que os automóveis cheguem ao Rio até o início da próxima semana.

Se o relatório chegar em até 15 dias, o Ministério de Integração Nacional libera por meio de termo de compromisso, e é mais rápido Paulo Bernardo, Ministro do Planejamento

Retratos do colapso

Recuperar as perdas As chuvas que seguem sem previsão de interrupção na capital fluminense deixaram um aspecto sujo na Lagoa Rodrigo de Freitas. E mesmo depois que o temporal deu um certo descanso, era perceptível a mancha marrom nas águas. Ontem, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio de Janeiro anunciou que vai oferecer atendimento jurídico às vítimas do dilúvio. De acordo com o presidente da entidade no estado, Wadih Damous, a assessoria será prestada a pessoas que perderam casas e terrenos ainda que as moradias estivessem localizadas em áreas ilegais. Se elas estavam lá é porque se permitiu que estivessem. Todas essas pessoas são vítimas de uma falta de planejamento, de omissão administrativa, disse. Dependendo do caso, podem buscar indenização por dano material, por dano moral. Vai ter que se apurar responsabilidades, completou.

Novos cadastros No Morro dos Prazeres, em Santa Tereza, no centro do Rio, os moradores começam a ser cadastrados pela prefeitura para participar de programas de habitação popular. Com os desabamentos provocados pelas últimas chuvas, a Defesa Civil interditou centenas de casas. Os moradores removidos estão na residência de parentes ou em abrigos. O cadastramento é feito em dois pontos do morro. Antes de fazer o cadastro para os programas habitacionais, as famílias devem apresentar um documento da Defesa Civil, que atesta a interdição da residência. Os técnicos permanecem realizando vistorias no morro. A previsão é de que o trabalho termine até o fim da semana.

Transporte normalizado No bairro de Botafogo, a água do mar invadiu a pista, provocando transtorno aos moradores. Ainda na Zona Sul da cidade, a Avenida Niemeyer, que teve trecho interditado, voltou a ser liberada ontem. A Linha Amarela apresentava bolsões de água e o trânsito estava sendo feito por um desvio. As estradas da Grota Funda e a Grajaú-Jacarepaguá ficaram com trechos interditados. Já os trens da SuperVia funcionaram normalmente. No fim da tarde de ontem, houve uma pequena interrupção em função de um problema técnico. O metrô também operou sem problemas, com intervalos regulares.

Trajeto interrompido Em Niterói, o sistema de transporte de barcas, um dos principais meios de acesso à cidade, está prejudicado pelas condições de mar agitado na Baía de Guanabara. A Linha Praça 15-Charitas, em Niterói, não operou durante todo o dia de ontem. De acordo com a assessoria de imprensa da concessionária Barcas S/A, não há previsão para que as barcas voltem a fazer o trajeto. Só estão funcionando as linhas para Paquetá e Estação Arariboia, em Niterói. A situação é crítica para os moradores da região oceânica de Niterói, que estão com o acesso prejudicado pela interdição da Estrada da Cachoeira, principal via de ligação com o centro da cidade.

Deu no...

THE NEW YORK TIMES

Casas sob terra e lixo Uma foto de destaque na primeira página do site do principal jornal norte-americano mostrava o trabalho de resgate dos bombeiros em Niterói, no estado do Rio de Janeiro, durante o dia de ontem. A notícia destacou que as casas soterradas foram construídas sobre um antigo aterro sanitário. Ainda segundo a publicação, dezenas de residências e uma pequena igreja desapareceram debaixo de uma mistura de escombros, lama e podridão. A reportagem também ressaltou o caos provocado pelos danos nos aeroportos e nos sistemas de transporte da futura sede dos Jogos Olímpicos.

EL PAIS

Pânico em Niterói Na capa do jornal espanhol na internet, a reportagem descrevia as longas horas de desespero de parentes das vítimas que foram soterradas no deslizamento em Niterói. De acordo com o El País, depois de várias horas depois do ocorrido, os bombeiros classificavam como praticamente impossível a possibilidade de resgatar alguém ainda com vida. Reforçava, também, que esse era o capítulo mais recente da série de tragédias ocorridas no Rio de Janeiro nos últimos dias. O saldo parcial depois das tempestades apontava para um número de mortos que ultrapassava 160.

CLARÍN.COM

Favela arrasada Uma reportagem no site do jornal argentino chamou a atenção para a quantidade de pessoas que podem ter morrido depois do deslizamento de terra em Niterói. A reportagem relatou que, somando o número de vítimas que não sobreviveram às chuvas que castigam o Rio de Janeiro há alguns dias, o resultado poderia ser de, aproximadamente, 350 mortos. O texto falava, ainda, da vulnerabilidade do terreno onde estavam as casas soterradas por causa da mistura de terra, lixo e água das chuvas. Esse seria o principal motivo que causou o soterramento de centenas de moradores do local.

LE FIGARO

Deslizamento mortal O veículo francês, em sua página na rede mundial de computadores, reservou uma galeria com fotos da tragédia. Lá, imagens fortes ilustravam o drama vivido por moradores da comunidade de Cubango, Zona Norte de Niterói. O site também trazia uma narrativa falando sobre as chuvas torrenciais que castigam o estado do Rio de Janeiro desde a última segunda-feira. A publicação também falou sobre a mistura de lixo e terra que fez a faixa de terreno, com cerca de 700 metros, soterrar dezenas de casas, além da solidariedade das pessoas que ajudaram no resgate das vítimas.

CNN

Montanha de lama A rede de televisão norte-americana preparou, na parte dedicada à América Latina, uma reportagem destacando a tragédia de quarta-feira em Niterói. O texto informou que o número de desabrigados aumentou consideravelmente desde que as fortes chuvas começaram a cair sobre o Rio de Janeiro, no início da semana. De acordo com a reportagem, mais de 5 mil pessoas não tinham para onde ir depois que a força da água destruiu milhares de casas. O site também ressaltava o recorde de 287 milímetros de chuva em apenas 24 horas.