Título: Deputada diz ter recebido oferta de suborno
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 14/06/2005, Política, p. A7

Crise Raquel Teixeira, da bancada tucana de Goiás, recusou-se a dizer de quem partiu a proposta

Depois de passar dois dias fugindo da imprensa em Paris, e de viver um dilema "weberiano", segundo sua própria definição, a deputada Raquel Teixeira (PSDB-GO) falou sobre o mensalão. Raquel está na França participando do "Ano de Goiás na França". A deputada confirmou ter recebido oferta em dinheiro para mudar de partido, mas não identificou o autor da oferta. Segundo a deputada, a oferta partiu de um partido da base aliada do governo. Ela resistiu a confirmar, no entanto, que tenha partido do deputado Sandro Mabel (PL-GO). Disse que iria "com todo prazer", se convocada, à Comissão Parlamentar de Inquérito. "Até porque lá eu acho que existe uma situação diferente de proteção jurídica, inclusive (maior) do que falar... Eu não tenho como provar", disse. A deputada disse ter comentado o assunto apenas com o governador do Estado, Marconi Perillo (PSDB). Ela negou ter sido contactada pelo ex-assessor de assuntos parlamentares da Casa Civil da Presidência, Waldomiro Diniz. Apesar de dizer não ter provas da oferta em dinheiro, a deputada disse que esperar que as comprovações surjam ao longo das investigações no Congresso. Raquel Teixeira disse que o convite para que mudasse de partido chegou-lhe "revestido de um certo prestígio". Deputada da área de educação, ela sairia pelo Brasil vinculando a imagem da educação a esse partido, numa tentativa do partido de repaginar-se. "Em momento algum houve coação. Foi realmente um convite", disse. "Perplexa" com a oferta de dinheiro que disse ter recebido, a deputada disse ter ido procurar o governador Perillo, que definiu como seu "orientador político". Ela não confirmou os valores da proposta do mensalão, que oscilariam entre R$ 30 mil e R$ 50 mil, nem tampouco as "luvas" para a mudança de partido, que chegariam a R$ 1 milhão. A deputada disse não ter contato com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para saber se a abordagem sobre o mensalão era do seu conhecimento, mas disse acreditar que integrantes do governo conheciam o procedimento - "Nessa idade, eu não me choco com mais nada. Mas me surpreendeu profundamente". Raquel Teixeira disse não acreditar que a prática do mensalão esteja generalizada no Congresso e negou que os nomes do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, ou do tesoureiro petista, Delúbio Soares, tenham sido citados nas conversas que teve com seu interlocutor governista. Tampouco respondeu se havia sido procurada por integrantes do governo.