Título: UE dá indícios de que suspenderá o processo de adesão da TurquiaAgências internacionais
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Fonte: Valor Econômico, 14/06/2005, Internacional, p. A11

A União Européia vai desacelerar seu programa de expansão depois dos reveses nos referendos da França e da Holanda sobre a Constituição continental. Em comentários vistos como referência direta à proposta da Turquia de aderir ao bloco europeu, a comissária de Relações Exteriores da UE, Benita Ferrero-Waldner, disse que os europeus precisam de "tempo para respirar". "Para mim, temos de reduzir a velocidade do alargamento do bloco", disse, durante uma reunião de chanceleres europeus. A União Européia planeja receber a Romênia e a Bulgária nos próximos anos. A Turquia deveria iniciar as negociações de adesão em outubro. Mas a rejeição do tratado constitucional europeu levantou dúvidas sobre a viabilidade política desse processo. O ministro francês das Relações Exteriores, Philippe Douste-Blazy, disse que agora deveria haver um tempo para reflexão e que o "não" no referendo da França revelou dúvidas quanto a mais expansões das fronteiras do bloco, que hoje tem 25 países. "Temos de discutir o assunto. Há uma falta de debates sobre a direção que queremos tomar na Europa. Há uma falta de debate sobre o alargamento", disse o chanceler Douste-Blazy. Os líderes da UE vão se encontrar até o final desta semana ara discutir a rejeição constitucional em os planos orçamentários para o período de 2007 a 2013. Por enquanto, ambos os assuntos parecem envoltos em turbulências. O Reino Unido disse que não vai mais fazer seu referendo por causa das rejeições na França e na Holanda. Já o chanceler dinamarquês, Per Stig Moeller, sugeriu que seu país pode fazer o mesmo que os britânicos. Enquanto franceses e holandeses expressaram sua raiva e angústia em relação a seus próprios governos e às políticas da UE, muitos mostram preocupação quanto ao alargamento de fronteiras - especialmente quanto à adesão da Turquia, com sua população majoritariamente pobre e muçulmana. Um porta-voz do governo turco, não se referindo diretamente ao encontro europeu, disse que a Turquia estava comprometida em aprovar a união alfandegária necessária para dar início às negociações de adesão ao bloco. "Em relação à UE, não há mudanças nos nossos pontos de vista", disse Cemil Cicek. "A Turquia cumpriu até agora suas obrigações e vai continuar nesse caminho." Mas, para acrescentar incertezas à situação, as autoridades européias fizeram uma declaração conjunta para a cúpula dessa semana e, pela primeira vez em muitos anos, não fizeram nenhuma referência ao processo de alargamento da UE.