Título: Embraer deve anunciar hoje contrato com a Paramount
Autor: Assis Moreira e Cesar Bianconi
Fonte: Valor Econômico, 14/06/2005, Empresas &, p. B8

Aeronáutica Venda envolve jatos da família 170/190 para vôos na Índia

A Embraer, terceira maior fabricante de aviões do mundo, espera superar com a família de jatos de 70 e 118 passageiros o resultado que teve com os aviões regionais de 50 assentos. Hoje, a empresa deve anunciar a venda de aeronaves dessa família para Paramount Airways, que utilizara os aviões em rotas na Índia. Seriam os primeiros jatos Embraer a voar naquele país. "Acho que vai ser maior (o número de entregas de jatos da nova família). Nossa expectativa de mercado, quando lançamos o ERJ-145, eram 400 aviões em 10 anos. Nossa expectativa de mercado em 10 anos, com nível de competição maior, é que nós estaremos alcançando 650 aviões (da nova família)", afirmou o presidente da Embraer, Maurício Botelho. A família Embraer 170/190 tinha ao fim do primeiro trimestre 301 pedidos firmes em carteira, incluindo a encomenda de 85 unidades do modelo de 70 lugares da americana US Airways, cujas entregas estão paralisadas por conta da concordata da companhia aérea. Falando na véspera do início da Paris Air Show, feira que ocorre em Le Bourget a cada dois anos, Botelho reconheceu que o ambiente na indústria aérea ainda é complicado, com forte competição e custos em alta, como o petróleo. Citando dados da Iata, associação que reúne empresas de transporte aéreo, o executivo disse que o setor deve registrar globalmente prejuízo de US$ 6 bilhões em 2005. O pior cenário é nos EUA, principal mercado para as fabricantes de aviões. "O maior mercado (EUA) ainda está em dificuldades. Mas mesmo quando o olhamos, temos que ver as diferenças dentro dele. As linhas aéreas de baixo custo continuam bem, lucrativamente; as linhas regionais estão bem e as linhas principais estão em grandes dificuldades." Botelho não descartou eventual sobra de aviões no mercado devido à consolidação na indústria. "Não há o que fazer. Mas é possível que numa situação de consolidação você tenha alguns aviões (sobrando). Talvez haja realocações. Se há dificuldade de uma empresa qualquer e ela reduz sua operação, alguém vai tomar esse mercado", disse, voltando a citar dados da Iata que mostram que o número de passageiros transportados hoje supera o registrado em 2001. Nesse cenário ainda incerto, o presidente da Embraer evita prognosticar quando a fabricante retomará os níveis de entregas registrados às vésperas dos atentados aéreos de 11 de setembro, de cerca de 160 aeronaves por ano. "Fizemos redução do volume de entregas, mas a composição dessas entregas se faz com produtos de maior valor. Como resultado, estamos obtendo maior receita. É difícil dizer quando voltaremos a entregar 160 aviões. Por enquanto, as previsões são: 145 aviões para este ano e 145 para o próximo", disse. As metas de 2004 e 2005 foram revistas para baixo em 2004, após a concordata da US Airways, que recentemente anunciou que se juntará à América West. "Eles ainda estão em concordata. Todos esses movimentos (de associação) precisam ser aprovados pela corte, ainda tem espaço de tempo para isso acontecer de fato", comentou. Botelho criticou o plano da Bombardier, rival histórica da Embraer, de desenvolver aviões C-Series de até 130 lugares. "O C-Series tem probabilidade enorme de desastre, porque vai brigar direto com Boeing e Airbus. Está longe de ser uma competição igual porque as forças industriais, mercadológicas e financeiras são enormes, bem maiores do que as deles (Bombardier) e as nossas."