Título: Sobe preço do suco brasileiro no exterior
Autor: Fernando Lopes
Fonte: Valor Econômico, 14/06/2005, Agronegócios, p. B13

Mercado Tonelada supera US$ 1 mil na Europa, mas volume embarcado deverá cair na temporada 2005/06

As exportações brasileiras de suco de laranja concentrado e congelado, que no atual ano comercial das indústrias (2004/05) deverá alcançar 1,4 milhão de toneladas, tende a voltar ao patamar de 1,2 milhão de toneladas na temporada 2005/06, conforme estimativa da Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos (Abecitrus). O recuo previsto, da ordem de 15%, é considerado normal pelo presidente da entidade, Ademerval Garcia. Segundo ele, o volume projetado para 2004/05 é que supera as previsões iniciais, principalmente em função do aumento das vendas para os Estados Unidos, cuja citricultura enfrentou problemas em virtude de danos provocados pela passagem de furacões. Para consolidar o balanço de 2004/05, a Abecitrus precisa compilar os números da Secex de maio e esperar o resultado de junho. De julho de 2004, quando começou "oficialmente" o ciclo, até abril passado, foram embarcadas 1,13 milhão de toneladas, ante as 1,35 milhão de 2003/04. Ainda sobre 2004/05, Garcia explicou que parte das vendas ao exterior foi coberta com estoques, e que tais estoques estão atualmente magros. Para 2005/06, a previsão do executivo (1,2 milhão de toneladas) é baseada no volume que deverá ser produzido no "ano-indústria" a partir da moagem de aproximadamente 260 milhões de caixas de 40,8 quilos de laranja. Para estimar essa moagem, ele parte do princípio de que a safra paulista total de laranja não superará 300 milhões de caixas no ano-safra 2004/05, que está em fase inicial de colheita. "Com a colheita em andamento, todas as fábricas das grandes indústrias instaladas em São Paulo [14 unidades, de Cutrale, Citrosuco, Citrovita e Coinbra] estarão em operação até o fim do mês", afirmou Ademerval Garcia. A previsão da Abecitrus para a produção paulista de laranja, ainda que encontre eco entre os citricultores do Estado - conforme relato de Margarete Boteon, pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea/Esalq) - não é consenso. Levantamento do Instituto de Economia Agrícola (IEA), vinculado à Secretaria de Agricultura do Estado, apontou safra de 350 milhões de caixas em 2004/05, 3% menos que em 2003/04. Fontes do setor informaram, ainda, que estão mais atraentes os preços das exportações brasileiras de suco de laranja. A tonelada, indicaram, sai, hoje, por mais de US$ 1 mil na Europa, ante os US$ 800 da temporada passada. No mercado interno, os valores dos contratos de longo prazo de fornecimento firmados entre produtores de laranja e indústrias de suco também melhoraram. No ciclo anterior, esses compromissos foram fechados entre US$ 2,50 a US$ 3,30 por caixa de 40,8 quilos. Agora, a média subiu para entre US$ 2,80 e US$ 3,60, de acordo com o Cepea. Um analista de mercado identificou maior "agressividade" das indústrias nas negociações, e ponderou que a valorização do real teve reflexos negativos para os produtores.