Título: Palanques proibidos
Autor: Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 12/04/2010, Política, p. 2

A disputa entre aliados ameaça impedir a presença do maior cabo eleitoral de Dilma nos comícios em vários estados

A alta popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a profusão de palanques aliados ameaçam transformar muitos locais em territórios proibidos para ele durante a campanha. Os palanques proibidos foram elencados pelo PT para serem analisados caso a caso. Uma das principais zonas de conflito é o Rio. Desde o início do ano, a pré-candidata Dilma Rousseff e Lula procuram administrar desavenças entre o governador Sérgio Cabral (PMDB) e Anthony Garotinho (PR). Outros 13 estados também apresentam problemas (lei quadro nesta página).

No caso do Rio, Dilma foi obrigada a cancelar a visita no sábado para não melindrar Cabral. Tudo porque Garotinho avisou que lançaria a pré-candidatura no mesmo dia. O ato no ABC paulista foi convocado de última hora, só para que ela não ficasse fora do noticiário no dia da apresentação do pré-candidato do PSDB, José Serra.

A ideia do PT para não ser obrigado a manter diversos territórios proibidos ao seu maior cabo eleitoral e não restringir a participação apenas aos palanques eletrônicos é buscar um acordo de procedimentos com os partidos aliados. Enquanto não definirmos os palanques, não dá para fechar nada. Mas, depois das convenções, teremos que resolver isso, e a ida do presidente dependerá do grau de beligerância dos adversários estaduais. Haverá estados em que, realmente, ficará complicado. Outros que parecem complicados poderão não ser, diz o presidente do PT, José Eduardo Dutra.

Entre os complicados, ele cita o Amazonas. Lá, o governador Omar Aziz (PMN), que planeja concorrer à reeleição, tem o apoio do PCdoB. O ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (PR) está negociando com o PT. Lula tem 90% de popularidade e o ex-governador Eduardo Braga, 82%. Só que o ex-governador estará com o seu sucessor, se ele for candidato. Temos ainda Alfredo, que é um ex-ministro e tem o apoio do PT. Teremos que encontrar solução. Hoje, é impossível dizer se Lula irá aos dois, diz Dutra.

O sonho de Dutra era poder repetir o que ocorreu em quando Eduardo Campos (PSB) e Humberto Costa (PT), adversários na disputa pelo governo estadual, receberam Lula sem problemas em 2006. Só que essa situação não está configurada em nenhum dos 14 estados onde os partidos da base concorrem entre si. Na Bahia, o ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima (PMDB) busca um acordo para que o presidente Lula não vá à Bahia na campanha.

Há ainda aqueles que ameaçam abrir espaço para o PSDB de José Serra, caso Lula vá ao estado. É o caso da Paraíba. Lá, o governador José Maranhão (PMDB) busca acordo com o PT, enquanto o PSB terá o apoio do PSDB e do DEM para o seu candidato a governador, Ricardo Coutinho, ex-prefeito de João Pessoa. Os socialistas já disseram que Coutinho não desfilará ao lado de Serra, desde que Lula não apareça fazendo campanha para Maranhão. Embora Dutra diga que nada está acertado, os socialistas têm dito que esse acordo está fechado.

Colaboraram Josie Jerônimo e Flávia Foreque

codigo

Dilma no Twitter

Alessandra Mello

Seguindo os passos do ex-governador José Serra (PSDB), seu adversário na campanha presidencial, a ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff (foto) aderiu ontem no início da noite ao Twitter. Com pouco mais de uma hora no ar, a ex-ministra já tinha 1.563 seguidores. Bom dia, boa tarde, boa noite para quem me lê em qualquer lugar do mundo. Começo hoje minha aventura no Twitter. Quero aprender com vocês, disse a ex-ministra em seu primeiro post. Segundo a pré-candidata, ela não pretende usar o microblog na internet para ficar fazendo discurso. A intenção, de acordo com ela, é trocar idéias e sugestões com os twitteiros. Ontem o DEM anunciou que estuda entrar com representação no Tribunal Superior Eleitoral contra o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC por promover campanha para a pré-candidata à Presidência, Dilma Rousseff (PT). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros de Estado participaram de evento no último sábado.

Terreno minado Em pelo menos 14 estados, a presença do presidente Lula e de sua pupila, a candidata petista Dilma Rousseff, é disputada por aliados, e ameaça criar problemas:

Acre Terra da senadora Marina Silva (PV), Lula sabe que não será de lá que vai tirar os votos para eleger Dilma. E, para não criar confrontos com o PV, ficará fora do estado

Amazonas Com três aliados na disputa o governador Omar Aziz (PMN), o ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (PR) e, ainda, Serafim Corrêa (PSB), ex-prefeito de Manaus , Lula descontentará dois se desfilar com um dos três

Bahia O governo já reconhece que terá de administrar dois palanques e a possível ausência de Lula para não comprometer ainda mais a relação com o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) candidato a governador contra Jaques Wagner (PT), que concorre à reeleição

Ceará Lula não deve pisar por lá enquanto não estiver decidido o que será feito da candidatura do deputado Ciro Gomes à Presidência da República

Maranhão O PT ficou com a candidatura do deputado federal Flávio Dino (PCdoB) ao governo local e irritou a atual governadora e candidata à reeleição, Roseana Sarney (PMDB), que quer Lula no seu palanque

Mato Grosso do Sul A disputa que se desenha, PT versus PMDB ameaça tirar de Dilma o palanque do atual governador, André Puccinelli (PMDB), caso Lula vá ao estado fazer campanha para o ex-governador Zeca do PT

Minas Gerais Apesar da decisão do vice-presidente José Alencar de não se candidatar ao senado nas eleições de outubro, a chapa aliada continua indefinida no estado. O peemedebista Hélio Costa e os petistas Patrus Ananias e Fernando Pimentel ainda negociam o nome que vai liderar a chapa na disputa pelo Palácio da Liberdade

Paraíba O ex-prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho (PSB) disputa a preferência da mãe do PAC com o governador do estado, José Maranhão (PMDB)

Piauí O apoio de Dilma Rousseff está dividido entre os pré-candidatos Wilson Martins (PSB), que assumiu o governo do Piauí no início do mês, e o senador João Vicente Claudino (PTB)

Rio de Janeiro O estado já causou constrangimentos à ex-ministra Dilma, que encontrou o ex-governador carioca Anthony Garotinho (PR) na semana passada. O presidente Lula tem como grande aliado no estado o atual governador e candidato à reeleição Sérgio Cabral (PMDB), antigo desafeto de Garotinho

Rio Grande do Sul Lula corre o risco de perder de vez o PMDB no estado, caso pise em solo gaúcho para a campanha do ex-ministro da Justiça, Tarso Genro ao governo estadual contra o ex-prefeito de Porto Alegre José Fogaça (PMDB)

Rondônia O deputado federal Eduardo Valverde (PT) e do ex-prefeito de Ariquemes, o peemedebista Confúcio Moura, ambos aliados do governo, disputam o Palácio Getúlio Vargas

Roraima O líder do governo, Romero Jucá (PMDB), apoiará o governador José Anchieta (PSDB)

São Paulo Após as especulações em torno do nome do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), o PT definiu como seu candidato o senador Aloizio Mercadante. Mas, caso Ciro desista de vez da candidatura presidencial e apoie Dilma, o estado pode ser motivo de dor de cabeça entre os aliados com a pré-candidatura de Paulo Skaf (PSB)