Título: Amorim articula com G-20 a candidatura de Seixas Corrêa para a direção da OMC
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 21/10/2004, Especial, p. A-12
O Brasil faz articulações hoje com o G-20 em torno da candidatura do embaixador brasileiro Luiz Felipe Seixas Corrêa para a direção-geral da Organização Mundial de Comércio (OMC). O ministro Celso Amorim dirige reunião do grupo esta tarde em Genebra, num momento em que aumentam as reclamações do Uruguai contra a candidatura brasileira. Ontem, em Lisboa, Amorim reagiu a declarações do presidente do Uruguai sobre suas posições em relação ao candidato Carlos Perez del Castillo. Amorim disse que não fez críticas a Castillo, e sim que explicou que não dava para apoiar a candidatura do uruguaio pelas posições que tomou nas negociações da OMC quando tinha um cargo chefe na organização. Para Amorim, as circunstâncias não permitem apoiar um candidato cujas propostas não condiziam com o G-20. O presidente do Uruguai, Jorge Battle, declarou esta semana que as críticas a Castillo vinham de Amorim e não do Brasil. Em Lisboa, o ministro disse que não estava respondendo a ninguém. Na segunda-feira, Amorim encontrou-se com Castillo em Montevidéu e repetiu a frase do filósofo espanhol Gasset y Ortega sobre "o homem e sua circunstância", mantendo na prática o veto ao uruguaio. Castillo reagiu de maneira "elegante", segundo fontes do Itamaraty. Negociadores brasileiros dizem que esse confronto em torno de cargo na OMC não tem afetado as articulações do Mercosul nas várias negociações. Ontem, em Lisboa, a ministra uruguaia Leila Rachid presenteou Amorim com uma elegante gravata, num aparente gesto pelo apoio brasileiro nas negociações entre Paraguai e Equador. Mas o Paraguai apóia Castillo na OMC, como parte de uma barganha que levará o Uruguai a apoiar a candidatura da própria Leila Rachid para a secretaria-geral adjunta da Organização dos Estados Americanos (OEA) no ano que vem. Carlos Perez Del Castillo diz ter pelo menos seis votos no G-20. Chile e Peru confirmaram que apóiam o candidato uruguaio e que não vão mudar. A Argentina recentemente renovou o apoio a Castillo, mas a verdade é que o cenário mudou e Buenos Aires vai dar tempo para gradualmente mudar de posição. O prazo de dezembro para as candidaturas poderá ser ignorado caso não haja consenso sobre um nome. Também há temores de que a disputa perturbe ainda mais a Rodada Doha. Na última vez, o impasse demorou meses, paralisando a organização. A solução encontrada foi dividir o mandato entre os dois candidatos, o neozelandês Mike Moore e o tailandês Supachai Panitchpakdi .