Título: Oposição vê flancos abertos a investigações
Autor: Maria Lúcia Delgado
Fonte: Valor Econômico, 15/06/2005, Política, p. A6

Enquanto os principais líderes governistas consideraram o depoimento de Roberto Jefferson "vazio e sem provas", oposicionistas graduados viram "importantes caminhos de investigação" nas acusações do presidente do PTB. Ambos, contudo, avaliaram que o petebista ainda não abandonou totalmente a tentativa de salvar seu mandato, ou - no máximo postergar a perda do posto parlamentar - e de salvar a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem elogiou em seu discurso. "Ele não apresentou fatos novos ou provas, mas tudo o que disse precisa ser apurado", disse o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP). O petista avaliou que Jefferson aproveitou de sua capacidade de se comunicar e de sua experiência de advogado em júri para tentar ser convincente. Na Câmara, o líder do governo Arlindo Chinaglia (PT-SP) também insistiu na tese de que o depoimento de Jefferson foi vazio: "Ele não respondeu às principais perguntas". Beto Albuquerque (PSB-RS), vice-líder do governo, acredita que mesmo que ele não tivesse provas documentais, poderia dar mais informações cronológicas que facilitariam as investigações: "Outro fato interessante é que ele poupa a oposição". Já a oposição viu motivos para aprofundar as apurações. "Ele mostra caminhos importantes para a investigação", afirmou o líder do PSDB, Alberto Goldman (SP). Para ele, a maior prova de credibilidade do discurso de Jefferson é dado, justamente, quando ele assume um crime, que recebeu recursos do PT para candidatos do PTB nas eleições municipais: "Ele também explicita a participação de Marcos Valério no suposto esquema de corrupção". O PFL também viu gravidade nas acusações e um caminho para investigar: os saques anunciados no Banco do Brasil e no Banco Rural para o pagamento do PT ao PTB. "Ele foi muito contundente, não podemos parar de investigar", disse o líder Rodrigo Maia (RJ). (HGB)