Título: Antônio Ermírio pede calma a colegas e aconselha: "Não é hora para pânico"
Autor: Ricardo Balthazar
Fonte: Valor Econômico, 15/06/2005, Especial, p. A12

O empresário Antônio Ermírio de Moraes, presidente do grupo Votorantim, um dos maiores conglomerados industriais dos país, pediu calma aos seus colegas da indústria e outros setores em reunião na sede da Fiesp segunda-feira à noite para avaliar os desdobramentos da crise política do país. "Havia gente muito preocupada e assustada; coloquei panos quentes", disse Antônio Ermírio. O empresário informou que foi convidado por Paulo Skaf, presidente da Fiesp, com quem tinha até agora pouco contato. Cerca de 20 empresários participaram do evento, que durou duas horas. "Foi uma reunião para conversar um pouco e pedir calma a todos." Antônio Ermírio relatou que, convidado a falar, disse aos colegas que "o Brasil já passou por muitas situações como essa e nunca quebrou por causa disso". Ele considerava, portanto, que não era momento de precipitações. "Sou muito calmo nessas horas", comentou o empresário de 77 anos, dos quais 56 anos trabalhando à frente de empresas do grupo fundado por seu pai. O presidente da Votorantim acha que o presidente Lula, diante do atual cenário político, com envolvimento de membros do governo em denúncias de corrupções, terá condições de recompor as bases de apoio para pelo menos levar até o fim seu mandato, no fim de 2006. "Será um período muito difícil", prevê. "Mas temos de aguentar o tranco", acrescentou Ermírio. Segundo informou, havia colegas "bastante assustados" ante a possibilidade de contaminação da economia pela crise política, levando a uma forte retração dos negócios. "Já sentimos a demanda interna cada vez mais retraída; na Votorantim, já temos de exportar em certos casos 50% da produção." Segundo o empresário, ficou acertada nova reunião dos empresários, que evitou nomear, para daqui a uma semana ou dez dias. Até lá, vão avaliar os desdobramentos dos fatos em Brasília. Só depois disso, se for o caso, tomarão alguma decisão. Enquanto isso, aconselha: "Nada de entrar em pânico." Adversário de Skaf nas eleições da Fiesp em 2004, Ermírio fez elogios ao dirigente. "Ele tem mostrado pé no chão; a Fiesp parece bem conduzida", afirmou.