Título: Varejo de PCs retoma fôlego no país
Autor: João Luiz Rosa e Ricardo Cesar
Fonte: Valor Econômico, 15/06/2005, Empresas &, p. B1

Computadores Após três anos de crise, negócios crescem 67,5% no primeiro trimestre

Após três anos de crise, um negócio que parecia "micado" dá sinais de que pode voltar a ser atraente no Brasil: a venda de computadores pessoais no varejo. Segundo estudo da consultoria IDC, no primeiro trimestre do ano as vendas do setor saltaram 67,5% em relação a igual período de 2004. Trata-se da maior expansão verificada entre todos os canais de comercialização de computadores pessoais no país, que inclui ainda revendas técnicas, vendas diretas, televendas e os negócios via internet. Com isso, a consultoria já considera viável a comercialização de aproximadamente 500 mil unidades no varejo em 2005, contra 400 mil em 2004. Seria o primeiro ano com resultados altamente positivos para o setor desde 2001, segundo Denis Gaia, analista da IDC. Mesmo alertando que o crescimento é significativo, Gaia lembra que o varejo responde por apenas cerca de 10% das vendas totais de computadores pessoais no país. As boas perspectivas ainda não contabilizam o impacto do programa PC Conectado, do governo federal, que pode ser o empurrão definitivo para que o segmento deslanche. A iniciativa deve criar mecanismos de financiamento via BNDES para os varejistas, que repassariam as condições vantajosas ao consumidor. "Sabemos que a sociedade brasileira responde à oferta de crédito", diz Marcelo Bazzali, diretor de gestão da categoria eletro do Extra. "Mas, independente do governo, esperamos um forte crescimento nas vendas de PCs." Desde 2001, a comercialização de computadores pessoais no varejo nacional vinha sendo considerada uma atividade pouco atraente. O negócio, de margens apertadas, esbarra em dois problemas: o predomínio do mercado cinza - cujas máquinas montadas com peças contrabandeadas e software pirata representam 74% das vendas, segundo a consultoria IDC -, e a conseqüente saída das marcas tradicionais. O mercado de varejo no Brasil já chegou a contar com produtos da IBM, HP e Itautec, entre outras. Nos últimos três anos, todas desistiram. Como o setor reagiu a essa situação? A resposta é que os varejistas não ficaram inertes. As redes de hipermercados, lojas que trabalham com eletroeletrônicos e o comércio especializado costuraram acordos com pequenos fornecedores brasileiros de PCs, como Positivo e Novadata, que ocuparam o vácuo deixado pelas marcas mais famosas. Estratégias de crédito foram montadas para atender ao consumidor, investiu-se em marketing, equipes de atendimento com conhecimento dos produtos e acordos com empresas que fornecem suporte técnico. A queda do dólar - mesmo quando montados no Brasil, muitos componentes dos computadores são importados - e o bom desempenho da economia nos últimos 12 meses deram uma contribuição importante. Com isso, o Magazine Luiza, por exemplo, fechou o mês de maio com um aumento de 140%, em receita, nas vendas de PCs. E já prepara outro exemplo da criatividade do varejo para driblar as adversidades: o PC pré-pago, em parceria com a Microsoft, que escolheu o Brasil para testar o modelo. O consumidor pode levar o equipamento para casa por R$ 600. Depois, com cartões que trazem um código que ativa a máquina, ele paga de acordo com o uso que faz dos PCs. Sem uma solução tão radical como a Magazine Luiza, o Extra - atualmente o maior varejista de informática do Brasil - oferece alternativas mais simples que têm surtido efeito. Exemplo disso é a oferta de computadores sem monitores. A ação, voltada para o consumidor que está comprando uma nova máquina, permite uma economia de R$ 400 para quem preferir manter o monitor antigo. "É uma opção a mais que oferecemos", diz Bazzali, do Extra.