Título: InBev pretende comprar até 500 milhões de euros em ações da AmBev
Autor: Daniela D'Ambrosio
Fonte: Valor Econômico, 15/06/2005, Empresas &, p. B2

Bebidas Companhia belga também anunciou recompra de seus papéis com direito a voto

A InBev, empresa que resultou da fusão entre entre a belga Interbrew e a brasileira AmBev, anunciou ontem a intenção de compra de até 500 milhões de euros em ações preferenciais da AmBev. A companhia afirmou também que pretende recomprar 300 milhões de euros em ações ordinárias da InBev. Tanto a aquisição, quanto a recompra estão previstas para ocorrer em um período de 12 meses. Esses 500 milhões de euros equivalem a 11% do "free-float" das ações PN da AmBev no mercado ou 13% do capital social da companhia. Não há mudança no controle por tratar-se de preferenciais. John Brock, executivo-chefe da InBev, disse em comunicado divulgado pela empresa que "a InBev está aumentando o valor do acionista ao combinar sua forte geração de fluxo de caixa com a estrutura de capital certa". O plano beneficia os acionistas ao combinar a geração de caixa da empresa com "a estrutura de capital correta", disse Brock no comunicado. A InBev terá um fluxo de caixa antes dos gastos de capital e depois dos impostos e dos encargos financeiros de 1,8 bilhão de euros . Metade dessa cifra ficará disponível para a recompra de ações ou a realização de aquisições, disseram analistas da corretora Petercam, de Bruxelas, em um relatório de pesquisa, segundo divulgou a agência Bloomberg. A leitura dos analistas que acompanham o setor de bebidas foi positiva, tanto fora quanto dentro do Brasil. "A decisão de recomprar ações respalda nossa opinião positiva", disse o relatório da Petercam. "A InBev permanece nossa aposta favorita no setor de cervejarias", afirmou a corretora. Conforme informou a Dow Jones, na avaliação do analista da KBC, Philippe Rochez, o anúncio foi uma "surpresa positiva". Para Rochez, a AmBev tem as mais altas margens e o melhor potencial de crescimento do grupo. "A AmBev é a parte do grupo com o maior potencial de crescimento", disse o analista. Para Gustavo Hungria, analista da corretora Pactual, trata-se de uma indicação positiva de que a controladora acredita no potencial da AmBev. "Isso passa uma grande confiança ao acionista e cria suporte para o preço das ações", disse Hungria. Outro analista sediado no Brasil, Roberto Serwaczak, diretor-administrativo do Deutsche IXE, também avalia a atitude como uma forma de reforçar o comprometimento da InBev com a brasileira. "A recompra mostra que eles estão implementando na InBev uma política usada pela AmBev", disse. "A AmBev é um exemplo de empresa brasileira que utiliza muito bem esse instrumento", completou. A recompra de ações é usada pelas empresas quando o papel é considerado barato. As ações preferenciais da AmBev tiveram ontem alta de 3,58%, pouco acima do Ibovespa, que fechou com elevação de 3,39%.