Título: GLP torna-se a principal alternativa ao gás natural importado da Bolívia
Autor: Cláudia Schüffner
Fonte: Valor Econômico, 15/06/2005, Empresas &, p. B10
Caso o Brasil seja atingido por uma crise de fornecimento de gás natural da Bolívia, possibilidade agora afastada no curto prazo, isso poderá favorecer as vendas de gás liqüefeito de petróleo (GLP) em granel para grandes indústrias. Na semana passada, a ameaça de redução no fornecimento de gás natural devido à crise na Bolívia levou várias indústrias a ligarem para os departamentos comerciais das distribuidoras de GLP. Até maio as vendas do setor estavam com queda de 2,17% no acumulado do ano, o que levou o país à quase auto-suficiência no insumo. Citando esses números, o superintendente executivo do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de GLP (Sindigás), Sergio Bandeira de Mello, diz que o setor está preparado para ser uma alternativa para consumidores industriais que não podem ficar sem gás. "O GLP é uma alternativa como energético eficaz e que tem alta portabilidade", diz Mello. Observadores desse mercado acham que se for confirmada a crise de oferta de gás na região Sul, ela pode dar oportunidade para crescimento das vendas de empresas como a Ultragás, que tem uma marca forte e que é muito lembrada, e a Liquigás, que perdeu mercado com a substituição do GLP por gás natural pelas indústrias do sul do país, notadamente a de cerâmica. O diretor de planejamento de mercado da Liquigás/BR, Carlos Alberto Gadelha, concorda, mas pondera que as condições comerciais, e não contratos passados, é que vão determinar a opção do cliente por uma ou outra marca. "A indústria já está se preparando e caso haja algum problema pontual de desabastecimento de gás natural isso abrirá uma oportunidade para aumentar as vendas de GLP a granel", observa Gadelha. Sobre a possibilidade de atender ao mercado em caso das indústrias precisarem mudar sua matriz energética, Bandeira de Mello disse que essa não é uma preocupação do Sindigás. Ele lembrou que o Brasil é auto-suficiente em GLP - hoje só importa 3% do consumo - em conseqüência, por um lado, do aumento da produção de petróleo e, por outro, da queda acumulada da demanda em 2005 e por isso não há problema na oferta. O mercado de GLP vem cedendo espaço para o gás natural desde 2000, ano em que foram comercializados 7 milhões de toneladas. Desde então, o mercado vem caindo, fechando 2003 com 6,270 milhões de toneladas. O setor teve recuperação de 2,5% em 2004, com 6,430 milhões de toneladas, sem no entanto conseguir manter o ritmo em 2005. Por isso, caso seja necessário reduzir o mercado por falta de fornecimento de gás boliviano, o GLP é uma alternativa para indústrias de cerâmicas, bebidas e até padarias. "Somos sem dúvida uma alternativa e como agora está começando o verão no Hemisfério Norte, existe inclusive oferta de GLP no mercado internacional", diz Mello.