Título: A caminho do Senado
Autor: Rizzo, Alana
Fonte: Correio Braziliense, 11/04/2010, Política, p. 3

Mesmo depois de ser saudado ao som de gritos de vice, vice, durante o lançamento da pré-candidatura de José Serra à Presidência, o ex-governador de Minas Aécio Neves (PSDB) garantiu ontem que não será candidato na chapa encabeçada pelo colega paulista. Em entrevista ao Correio/Estado de Minas, ele disse que sua decisão de concorrer ao Senado é definitiva. A tese é de que, para ajudar Serra a derrotar a ex-ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), a melhor trincheira para atuar é no próprio estado, viajando por Minas Gerais. Em discurso, Aécio anunciou estar ao lado do colega onde for convocado, o que foi interpretado por alguns como uma sinalização de que ele ainda poderia ser vice na chapa. O senhor fez hoje um discurso no lançamento da pré-candidatura do ex-governador José Serra que foi interpretado por muitos como uma porta aberta para a sua candidatura a vice na chapa. É uma interpretação equivocada até porque esta questão, para mim, é superada. O que disse foi que me coloco à disposição dele para ajudá-lo onde for. Em Minas ou fora de Minas, mas como candidato ao Senado. Esta é uma questão que não está mais sendo discutida. Eu me coloco à disposição dele para ajudar na construção de programa de governo, eventualmente até no apoio a companheiros de outros estados, mas a minha convicção é de que, como candidato ao Senado, é onde tenho as melhores condições de contribuir. Mas se o senhor já disse tantas vezes que não será vice, porque vários caciques do partido colocam isso em aberto e continuam insistindo? Recebo isso como uma homenagem que o partido faz a Minas. Tenho dito que é preciso que o partido comece a buscar outras alternativas. Mais importante do que essas discussões sobre vice é o PSDB definir seu programa de governo. Acho que o governador Serra hoje deu as linhas centrais daquilo a que se proporá em termos de qualidade da gestão, de educação, saúde. Acho que hoje demos a largada para uma eleição que não será fácil para ninguém mas para a qual eu acho que nós estamos muito bem preparados. Há alguma hipótese em que o senhor deixaria de concorrer o Senado para ser vice? Não cogito essa hipótese porque tenho minha convicção. E a minha convicção é que a forma de eu melhor contribuir é estando em Minas viajando e ajudando para que o nosso candidato tenha um belo resultado no estado. O senhor acha que o debate na campanha vai ser na linha do que vem sinalizando a ministra Dilma, uma comparação entre os governo Lula e Fernando Henrique? O PSDB deve estar preparado para discutir o futuro, que é o essencial, mostrando o que pensamos em relação ao país. Mas se o PT quiser a discussão do passado nós temos que estar preparados para isto. Na verdade, o PT busca restringir a sua história aos oito anos de governo do presidente Lula. O Brasil começou a dar passos importantes na direção do que o país é hoje há 25 anos, com a redemocratização, com a eleição de Tancredo, e aí vêm as contradições do PT. Ao longo desse período, em vários momentos, os interesses do PT se sobrepuseram aos interesses de país. O ex-governador Serra pode perder votos em Minas por não ter sido o senhor o candidato a presidente? Talvez num primeiro momento haja uma certa frustração, o que é compreensível, mas vou demonstrar da forma que puder que, para Minas e para o Brasil, é importante encerrarmos esse ciclo e iniciarmos outro onde a meritocracia ocupe o lugar do messianismo político. Tenho certeza de que os que me acompanham pensarão seriamente nesta questão. O senhor acredita no Dilmasia ou Anastadilma, como houve o Lulécio há quatro anos? Isso é uma proposta um pouco desesperada e distante da realidade. Aqueles que quiserem votar na nossa proposta votarão em Anastasia e em José Serra. Essa será a minha pregação. Como viu o gesto da ex-ministra Dilma Rousseff, que levou flores ao túmulo de Tancredo Neves em São João del Rei? Ela foi criticada pela oposição, que a acusou de oportunista. Eu não quis e não vou entrar neste assunto porque não quero transformá-lo em uma questão familiar. O túmulo do Tancredo é aberto à visitação pública. Acho que houve uma manifestação política do partido, que eu respeito, ao mesmo tempo que questiono a posição do PT lá atrás (quando votou contra Tancredo no colégio eleitoral), mas prefiro deixar para a população julgar se a visita é uma homenagem ou um ato meramente eleitoral. Esse julgamento como neto não vou fazer.