Título: Apoio a partir de Minas
Autor: Rizzo, Alana
Fonte: Correio Braziliense, 11/04/2010, Política, p. 3

Ex-governador mineiro promete trabalhar por Serra durante a campanha e diz que o PT no poder reforça projetos partidários

Ao som de gritos de vice, vice, o ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB) sustentou que estará ao lado de José Serra a partir das montanhas de Minas para onde seja convocado. Disposto a acabar com ruídos sobre seu engajamento na campanha do ex-governador paulista, Aécio convidou o pré-candidato a começar a peregrinação por Minas. Serra topou. Na segunda-feira, 19 de abril, o pré-candidato do PSDB fará palestra na Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) e depois deve se reunir com prefeitos e lideranças políticas para receber a Agenda de Minas, uma lista de reivindicações do estado. A sua voz (José Serra) será a nossa voz, das montanhas de Minas ao Nordeste, assegurou, pregando a unidade do partido. Sem se render aos apelos de militantes que aguardavam ontem mesmo uma reviravolta na sua candidatura para vice de Serra, Aécio quer acabar de uma vez com o discurso da Dilmasia no estado, em que o eleitor mineiro votaria em Antônio Anastasia (PSDB) para o governo e Dilma para presidente. Aécio, que disputou internamente a vaga de candidato à Presidência com José Serra e depois recuou, garante que vai concorrer mesmo a um cargo no Legislativo. A partir de Minas Gerais, como candidato ao Senado, estarei trabalhando para a eleição do Serra.

Debate Aclamado durante todo o evento, Aécio adotou um tom crítico no discurso e reafirmou que o partido não teme o debate sobre o passado político porque não há nada para se envergonhar. O Brasil, disse, não foi descoberto em 2003, como o atual governo tem tentado mostrar. Os avanços que hoje ocorrem e eu reconheço no Brasil vieram a partir da luta e do trabalho de muitos democratas que hoje participam deste ato. Ao PT também não é licito julgar que a sua história se resume aos oito anos de governo do presidente Lula. Usando a expressão e eles mais uma vez não, Aécio, em seu discurso, listou feitos tucanos que os petistas foram contra, como o Plano Real, a Lei de Responsabilidade Fiscal, programas de transferência de renda criados por Ruth Cardoso e privatizações. Lembrou que o PT se recusou a votar em Tancredo Neves, seu avô, durante a transição do governo militar para a democracia. Na comparação entre a trajetória dos dois partidos, Aécio insistiu que o PSDB coloca os interesses nacionais em primeiro lugar, enquanto o PT trabalha por projetos partidários. Eu quero aqui, de público, reconhecer virtudes do presidente Lula. E uma, acima de todas, pois ele manteve a política econômica do presidente FHC. E é ele, mais do que ninguém, quem avaliza a política econômica do presidente Fernando Henrique Cardoso.