Título: Itaú BBA abre seu escritório em Xangai
Autor: Maria Christina Carvalho
Fonte: Valor Econômico, 15/06/2005, Finanças, p. C4
Internacionalização Representação vai financiar comércio exterior e intermediar aquisições e parcerias
O Banco Itaú BBA anunciou, ontem, a abertura de um escritório de representação em Xangai, na China. "Estamos seguindo o movimento dos clientes que, cada vez mais, estão fazendo negócios com a China", afirmou o vice-presidente da área internacional e de tesouraria do Itaú BBA, braço de atacado do Banco Itaú, Eduardo Vassimon. Das 1,1 mil empresas brasileiras que têm negócios com a China, cerca de 180 são clientes do Itaú BBA, calculou o diretor de comércio exterior, Luiz Henrique Campiglia. "São empresas que exportam produtos agrícolas, etanol, têxteis, celulose e papel", disse Campiglia, participando de alguma forma do fluxo comercial entre os dois países que movimentou US$ 10 bilhões em 2004. Além de financiamento ao comércio exterior, o Itaú BBA acredita que, em colaboração com bancos locais, poderá ajudar empresas brasileiras a encontrar parceiros chineses para desenvolver operações locais. "A China oferece grandes oportunidades e não deve ser vista como uma ameaça", disse Vassimon. Concorda com ele o editor da publicação China Economic Quartely, Arthur Kroeber, que o Itaú BBA trouxe ao Brasil para uma palestra para alguns de seus principais clientes. Mão-de-obra barata e bem treinada e infra-estrutura básica adequada são os dois principais atrativos da China para o capital estrangeiro interessado em produzir localmente. "A China tem mão-de-obra bem educada e altamente produtiva com custos de terceiro mundo e uma infra-estrutura de primeiro mundo". Com esses ingredientes, acrescentou, o custo da produção sai pela metade do que seria em outro mercado. Vários países já descobriram isso. Nos últimos 25 anos, o investimento estrangeiro na China somou US$ 560 bilhões. Nada menos que 57% das exportações chinesas são feitas por empresas estrangeiras. O percentual sobe para 87% no caso dos bens de alta tecnologia. Segundo Kroeber, além de considerar a produção local, as empresas brasileiras precisam revisar as relações com o mercado porque a China está reduzindo as compras dos principais produtos que o Brasil exporta para lá. Metade das exportações brasileiras para a China no ano passado, que somaram US$ 5,4 bilhões, foram compostas por óleo vegetal e minério de ferro. Esse percentual já chegou a 56,4% em 2002, quando as exportações somaram US$ 2,5 bilhões. As vendas de papel, celulose e outros produtos ocupam um percentual maior. Por outro lado, a China importa mais bens intermediários e menos produtos primários. Para ele, não há risco de pressão política a curto prazo; e nem a esperada apreciação do renminbi pode mudar o quadro.