Título: Meirelles e Jucá lideram lista de ministros que também devem sair
Autor: Maria Cristina Fernandes
Fonte: Valor Econômico, 15/06/2005, Política, p. A8

Junto com a saída do ministro José Dirceu da Casa Civil, o presidente decidiu demitir também o ministro da Previdência, Romero Jucá, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Lula deixou para anunciar o restante das mudanças na terça ou quarta-feira, pois ainda tem dúvidas sobre a conformação do novo ministério, que pretende desfazer no fim de semana. O PMDB deve ficar com três ministérios, na nova configuração. Entre as dúvidas do presidente está a nova conformação da Casa Civil. Se mantiver o Ministério da Coordenação Política, o nome cotado para substituir Dirceu é o do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Se resolver unificar a Pasta, Lula deve convocar um político. Todos os nomes mencionados pela imprensa nos últimos dias estão no páreo, mas a possibilidade de o ministro Antonio Palocci (Fazenda) assumir está sendo pesada cuidadosamente. Para assumir a Casa Civil, Palocci teria de deixar alguém de sua confiança na Fazenda e no Banco Central. A avaliação, sobretudo no PT, é que seria poder demais concentrado numa única pessoa. Além disso, tornaria ainda mais contundente a derrota sofrida por Dirceu, até agora principal voz dissonante no governo em relação à política econômica desenvolvida pelo ministro da Fazenda. Por outro lado, Lula também está sendo aconselhado de que esta seria a única solução eficaz para o governo sair da crise - Palocci na Casa Civil e Murilo Portugal no Ministério da Fazenda. É uma solução que pode criar problemas no futuro com as bancadas do PT no Congresso. No caso de serem mantidos os dois ministérios - Casa Civil e Coordenação Política -, Lula tem várias opções sobre a mesa para a articulação com o Congresso: João Paulo Cunha (PT-SP), Jorge Viana (PT-AC), governador do Acre, Marcelo Déda (PT-SE), prefeito de Aracaju, Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia) e até Roseana Sarney (PFL-MA). O ministro Aldo Rebelo deve ser substituído da Coordenação Política e, a exemplo de outros ministros com mandato, voltar ao Congresso para reforçar a base com a qual o governo planeja enfrentar as investigações desencadeadas com a criação da CPI dos Correios e a provável instalação da CPI do Mensalão. Devem sair ainda os ministros Humberto Costa (Saúde) e Olívio Dutra (Cidades) O nome será escolhido depois de definido o perfil da Casa Civil. O governador Jorge Viana, de qualquer forma, deve ser ministro - se não for na política, será em outra Pasta. Na configuração discutida ao longo do dia de ontem, o PMDB teria três ministérios. Eunício Oliveira (Comunicações) poderia continuar, apesar de suas dificuldades com a bancada da Câmara, mas Romero Jucá, envolvido em denúncias de corrupção, sairia. Para seu lugar é cotado o ministro Ciro Gomes, da Integração Nacional. Nos cenários sobre a mesa do presidente, há duas outras possibilidades de deslocamento de Ciro: os ministérios do Planejamento e o da Saúde. Paulo Bernardo (Planejamento) tanto pode voltar à Câmara como ocupar outro ministério. A Pasta de Ciro sempre foi cobiçada pelo PMDB - para seu lugar seria nomeado alguém indicado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros. O terceiro nome do PMDB seria indicado pelo ex-presidente José Sarney (AP). Na realidade, seria alguém mais da cota pessoal de Sarney do que propriamente uma indicação partidária. O PMDB daria apenas o aval, uma dívida que Renan julga ter com Sarney, por ter recebido o apoio do ex-presidente na eleição para a presidência do Senado. O presidente decidiu manter o PTB, partido do deputado Roberto Jefferson (RJ), representado no ministério com o mineiro Walfrido Mares Guia. Lula deve retirar ainda o status de ministério das atuais secretarias. A maior parte delas passará a ser subordinada ao ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral), menos a de Pesca, que deve se subordinar ao Ministério da Agricultura, e a Controladoria Geral da União, que passa para a esfera do Ministério da Justiça ou da Advocacia Geral da União.