Título: Dívida mobiliária atinge R$ 771 bi e 46,69% vencem em até 12 meses
Autor: Rodrigo Bittar
Fonte: Valor Econômico, 21/10/2004, Finanças, p. C-2

A dívida mobiliária interna do governo federal (composta por títulos públicos) aumentou 1,25% em setembro e atingiu o estoque de R$ 771,3 bilhões, informaram ontem o Tesouro Nacional e o Banco Central, em comunicado conjunto. Tanto o prazo de vencimento quanto o percentual da dívida que vence em 12 meses apresentaram deterioração em relação a agosto, quando a dívida era de R$ 761,77 bilhões. A parcela dos papéis atrelados ao câmbio consolidou a trajetória de queda iniciada em meados do ano passado e fechou o mês em 12,32% depois de contabilizadas as operações de swap cambial (troca). Sem essas operações, o patamar é ainda mais baixo, de 7,04%. O Plano Anual de Financiamento (PAF) da dívida para 2004 estabelece um intervalo para a parcela cambial entre 5% e 7%, sem levar em conta as operações de swap. Como o governo manteve a estratégia de resgatar integralmente os vencimentos de papéis cambiais em outubro (US$ 2,7 bilhões entre papéis e contratos de swap cambiais), é muito provável que essa parte da dívida seja enquadrada ao PAF antes do último bimestre do ano, uma vez que os vencimentos desse tipo de papel em novembro e dezembro não ultrapassam os US$ 800 milhões, enquanto ao longo do ano o BC já resgatou um montante de US$ 27 bilhões, incluindo juros e principal. Em termos nominais, os 12,32% da parcela cambial correspondem a R$ 95,03 bilhões. Entre agosto e setembro, a dívida prefixada subiu de 16,66% para 17,46% e a parcela pós-fixada passou de 52,93% para 53%. O aumento da participação de títulos prefixados aconteceu em decorrência da emissão líquida de títulos feita pelo Tesouro no mês passado, no valor de R$ 6 bilhões. Os papéis atrelados à inflação registraram um pequeno recuo, passando de 15,36% para 15,32% do estoque total. "É bom ressaltar que em setembro houve alongamento do prazo de todos os títulos ofertados em leilão, com destaque à emissão de NTN-B com vencimento em 2045. O título com maior prazo até então tinha vencimento em 2033", destacou Ronnie Tavares, coordenador de Operações da Dívida Pública na Secretaria do Tesouro Nacional. As NTN-Bs são indexadas ao IPCA. Apesar dessas emissões, a dívida de curto prazo aumentou em setembro. Segundo os dados divulgados ontem, a parcela com vencimento em até 12 meses voltou a subir, atingindo 46,69% do total do endividamento público - esse índice era de 44,46% em agosto. Já o prazo médio do estoque da dívida diminuiu de 29,3 meses para 28,6 meses, ainda que o prazo das emissões realizadas no mês passado tenham subido para 18,1 meses, contra 13,3 meses em agosto. "Esse não é um dado positivo e reflete o crescimento dos papéis prefixados, que têm prazo mais curtos que os demais indicadores", disse Tavares. Ele lembrou, no entanto, que a deterioração verificada no prazo não afeta a percepção de solvência da República, porque essa percepção também leva em conta a dívida externa. A conjugação das duas dívidas, assegurou o técnico, apresentou um impacto tão pequeno que chega a ser "desprezível" na avaliação do técnico. Em relação às operações de mercado aberto em setembro, o chefe-adjunto do Departamento de Operações do Mercado Aberto do Banco Central, Ivan Lima, informou que o BC ampliou de duas para quatro semanas o prazo das operações compromissadas pós-fixadas semanais, mantendo em três meses o prazo das operações prefixadas de mesma freqüência.