Título: Banco do Brasil quer compartilhar serviços
Autor: Maria Christina Carvalho
Fonte: Valor Econômico, 17/06/2005, Finanças, p. C8

Economia de Custos Idéia é criar central de back-office para bancos associados com cardápio de operações

Ao mesmo tempo em que põe em teste o projeto de uso compartilhado das redes de auto-atendimento, o Banco do Brasil já desenha o próximo passo: compartilhar serviços de retaguarda (back-office) com outros bancos. O pano de fundo desses projetos é o mesmo: busca da eficiência e ajuste ao cenário de juros menores, com margens cada mais comprimidas. O vice-presidente de tecnologia e logística do Banco do Brasil, Cerqueira César, disse ontem no 15º Congresso de Tecnologia da Informação das Instituições Financeiras (Ciab) que esse será o terceiro estágio do novo Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB). No primeiro, houve a integração dos sistemas de compensação e liquidação. No segundo, dos equipamentos de auto-atendimento. Agora, é a vez dos serviços de retaguarda. A idéia é criar uma central de back-office, com um cardápio de serviços que os bancos associados irão utilizar conforme suas necessidades. O cardápio pode conter a custódia de cheques, a digitalização de documentos para consulta pela internet e serviços de correspondência, entre outros exemplos. A tecnologia disponível já torna possível o projeto, disse Cerqueira César. "Todos os elementos tecnológicos estão aí. Cada um tem que ceder e deixar de lado as vaidades técnicas para se pegar o melhor de cada um." O compartilhamento da retaguarda segue o projeto de uso compartilhado dos equipamentos de auto-atendimento, chamado de Bancos Integrados. Nos dois projetos, o BB tem como parceiro certo a Caixa Econômica Federal e conversa com outros bancos, cujos nomes não quis revelar. O Bradesco já confirmou que estuda aderir à integração das máquinas de auto-atendimento do Bancos Integrados e promete um anúncio até o final do ano. O Itaú resiste e seu presidente, Roberto Setubal, disse não acreditar que a proposta vá resultar em economias significativas para os bancos. Com uma rede de 21,3 mil máquinas de auto-atendimento, o Itaú argumenta que os pontos de superposição de redes são poucos para justificar a integração. Cerqueira César afirmou que o ganho do projeto dos Bancos Integrados será não só nos pontos onde há superposição, mas sim na rede inteira, potencializando pontos não explorados por todos bancos e contribuindo para reduzir os custos gerais. Como ele lembrou, as despesas com uma máquina de auto-atendimento ficam ao redor de R$ 2 mil por mês. A idéia de criar o Bancos Integrados nasceu com "a insatisfação" do Banco do Brasil com as regras da Tecnologia Bancária (TecBan), lembrou Cerqueira César. A TecBan foi criada em 1982 para administrar uma rede de terminais de auto-atendimento para os bancos, chamada de Banco 24 Horas. Atualmente, a rede opera em 240 localidades para 45 bancos. Segundo o executivo do BB, porém, os bancos não têm uma participação nas decisões da TecBan proporcional ao movimento que geram para a rede. Já no modelo da Bancos Integrados, disse, "a estrutura societária vai refletir a margem de contribuição" de cada banco. Em um segundo estágio, que Cerqueira César prevê para dentro de 15 meses, a Bancos Integrados vai permitir que o terminal compartilhado dê ao cliente a sensação de estar na máquina do seu próprio banco, realizando todas as operações que ela oferece. "As máquinas assumirão múltiplas personalidades", afirmou. Os terminais do Banco do Brasil, por exemplo, permitem a execução de 280 operações; e, no futuro, os do Bancos Integrados darão a mesma flexibilidade aos clientes do BB. Já os do Banco 24 Horas oferecem um cardápio limitado de transações. O vice-presidente do BB informou que o banco considera esse projeto tão estratégico quando as participações na VisaVale e na VisaNet e, por isso, defende que as instituições devem participar diretamente da administração da Bancos Integrados.