Título: Venda de automóveis importados cresce 33% de janeiro a maio
Autor: Patrícia Nakamura
Fonte: Valor Econômico, 16/06/2005, Empresas &, p. B9
A combinação entre demanda reprimida em segmentos mais sofisticados e recuperação do mercado automotivo reaqueceu as vendas de veículos importados. Entre janeiro e maio deste ano a comercialização cresceu 33,2%. Foram vendidas 30 mil unidades no período, ante as 22,5 mil nos cinco primeiros meses do ano passado. Só em maio foram 7,1 mil unidades, uma alta de 65,2% em comparação ao mesmo mês em 2004. Os números não levam em conta automóveis provenientes do Mercosul e do México, cujas importações estão livres da alíquota de importação de 35%. Apesar do desempenho, os importados - geralmente carros sofisticados, com motorização a partir de 2 mil cilindradas - tiveram 1,24% de participação no mercado nacional entre os veículos comercializados entre janeiro e maio.
Há dez anos, a participação dos importados era de 21,3% dos carros novos comercializados no país, afirmou ontem André Müller Carioba, presidente da Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Importados (Abeiva). A entidade revelou ainda que, nos primeiros cinco meses do ano, suas associadas registraram vendas no varejo de 1.985 unidades, 36% superiores em comparação a 2004. As empresas ligadas à Abeiva - BMW, Kia Motors, Ferrari, Maserati, Porsche e Ssangyong - não possuem fábricas no Brasil. Juntas, essas marcas representaram apenas 0,33% do mercado no acumulado do ano. Na avaliação de Carioba, apesar do crescimento percentual, o volume de vendas continua "desprezível" em comparação a 1995. Na época, a paridade real/dólar estimulava a importação. De acordo com o presidente da Abeiva, a valorização do real perante o dólar e o euro ainda não surtiu efeito nas vendas. É que o prazo de suprimento (tempo entre a encomenda e o desembarque do veículo no país) é de 90 dias e, em muitas ocasiões, os importadores pagam adiantado pelo item. Assim, disse Carioba, as marcas não conseguem repassar aos clientes as recentes desvalorizações da moeda estrangeira. Caso a tendência de valorização do real permaneça forte, a Abeiva deverá fazer a revisão de suas estimativas. Hoje, a associação projeta para este ano venda de 4,5 mil unidades, 18,5% superior à de 2004. Entretanto, Carioba disse não acreditar que o dólar tenha mais espaço para se desvalorizar. A Abeiva também voltou a se manifestar contra o Imposto de Importação de 35%, além da alíquota de IPI de 25% para carros acima de 2 mil cilindradas. Carioba afirmou que tais impostos eliminam a competitividade do setor. "E, ao conter a entrada de modelos mais sofisticados, o Brasil pode deixar de absorver tecnologias mais avançadas", disse.