Título: Pequena empresa recebe recursos, dizem bancos
Autor: Janes Rocha
Fonte: Valor Econômico, 20/06/2005, Finanças, p. C1

Os bancos garantem que o avanço nas carteiras de crédito a pessoas jurídicas - pequenas, médias e grandes - é alvo estratégico, mesmo com as dificuldades impostas pela rigorosa regulamentação de exposição a riscos impostas pelo Banco Central. A informalidade e falta de transparência são apontadas como os maiores obstáculos ao crescimento do crédito para empresas, na visão dos bancos. "Posso comprovar com números que a pequena e média empresa é nosso foco estratégico", afirmou Edson Monteiro, diretor do Banco do Brasil, quando questionado sobre as queixas das pequenas empresas quanto ao pouco acesso e ao reduzido limite de crédito oferecido pelos bancos em geral, conforme o Valor publicou em sua edição da última sexta-feira. O BB, o Bradesco e a Caixa Econômica Federal, maiores bancos de varejo do país, são também os maiores emprestadores para pessoas jurídicas, incluindo todos as modalidades de crédito e repasses de linhas oficiais. Segundo Monteiro, o BB registrou no período de 1º de janeiro a 31 de maio deste ano 690 mil empresas atendidas com empréstimos, com um total de R$ 18,53 bilhões, em comparação a 660 mil empresas e R$ 17,2 bilhões emprestados em igual no mesmo período de 2004. O mesmo afirma Paulo Ísola, diretor do Bradesco. "Somos o maior repassador de recursos do BNDES, com R$ 1,5 bilhão em repasses, dos quais 69% foram para a pequena e média empresa." Além disso, afirmou Ísola, nos primeiros cinco meses de 2005, o banco tinha R$ 10,3 bilhões emprestados no total, com crescimento de 17% na carteira de pessoas jurídicas, comparado ao mesmo período do ano anterior. Carlos Henrique Almeida Custódio, diretor de crédito da Caixa, informou que a instituição praticamente dobrou, de R$ 2,8 bilhões para R$ 5,756 bilhões, a carteira de empréstimos às micro e pequenas empresas. São números que, para Custódio, "corroboram nossa estratégia voltada para as micro e pequenas". As pequenas e médias empresas dizem não enxergar essa evolução dos números apresentados pelos bancos. "Concordo que pode haver essa percepção e uma dicotomia (entre o que dizem os bancos e as empresas), mas o problema é que as empresas não conseguem mostrar a capacidade de pagamento. Quando se olha individualmente, os balanços não demonstram essa capacidade, então ficamos na dependência do relacionamento dos gerentes. Os dois lados (bancos e empresas) precisam ter uma capacidade mais aberta", diz Ísola, do Bradesco. Custódio, da Caixa, reafirma essa visão: "A maior dificuldade (em trabalhar com empresas) é o faturamento menor que a venda realizada, falta um balanço mais elaborado, há pouca preocupação dos empresários com esse item", diz o diretor da Caixa. Custódio afirmou que a pulverização dos empréstimos, ou seja, um número maior de operações de valores mais baixos, é o que reduz o risco do banco com a carteira. É também o que explica uma das maiores queixas das empresas: os baixos limites de crédito dos bancos, que as obriga a ter contas em vários bancos e ainda a recorrer à venda de duplicatas para empresas de factorings - a taxas mais elevadas - para compor todo o volume de recursos necessários ao capital de giro. (JR)