Título: Dois meses na prisão
Autor: Campos, Ana Maria
Fonte: Correio Braziliense, 11/04/2010, Cidades, p. 30

Faz dois meses, hoje, que o ex-governador José Roberto Arruda (sem partido) está preso no Complexo da Polícia Federal (PF). A prisão dele foi decretada em 11 de fevereiro pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e, desde então, os advogados de defesa perderam, na Justiça, todos os pedidos para tentar livrá-lo da cadeia. Nesta segunda-feira, o destino do governador será decidido novamente no STJ. A defesa entrou com nova solicitação de liberdade e chegou a pressionar para que o julgamento ocorresse na sessão ordinária do tribunal, realizada na última quarta-feira, mas isso não surtiu efeito. A reportagem fez contato com o advogado de defesa de Arruda, Nélio Machado, mas ele não retornou as ligações. Na última terça-feira, Machado defendeu que a Corte não deve se submeter a nenhum parecer e que, na impossibilidade de os ministros julgarem o pedido de liberdade na reunião da última quarta-feira, o ministro Fernando Gonçalves deveria primeiro apreciar o pedido para depois submeter ao plenário.

Atraso

Reforçando um comportamento que teve desde o início do inquérito 650, o relator Fernando Gonçalves aguarda o parecer do Ministério Público, que só opinará sobre o caso após a conclusão do inquérito da Polícia Federal. Esta, por sua vez, só entregou o relatório com os 35 depoimentos prestados por investigados na Operação Caixa de Pandora na última sexta-feira, com um dia de atraso. Os peritos também analisaram 23 vídeos gravados pelo ex-secretário de Relações Institucionais do GDF Durval Barbosa, delator do suposto esquema de corrução no governo. A prisão de José Roberto Arruda e de cinco interlocutores do ex-governador Weligton Moraes, Antônio Bento, Haroaldo Brasil de Carvalho, Rodrigo Arantes e Geraldo Naves foi decretada depois que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e a subprocuradora-geral da República Raquel Dodge denunciaram ao Supremo Tribunal Federal que Arruda, por intermédio dos citados acima, teria oferecido dinheiro ao jornalista Edmilson Edson dos Santos, o Sombra. O suposto suborno serviria para que Sombra desqualificasse, em depoimento à Polícia Federal, os vídeo feitos por Durval Barbosa. Antônio Bento conselheiro do Metrô-DF foi preso em flagrante uma semana antes dos demais, logo após entregar uma sacola com R$ 200 mil a Sombra. O ex-governador acabou detido por tentativa de corrupção de testemunha e por obstrução ao trabalho da Justiça.