Título: Gerdau admite adiar investimentos
Autor: Sérgio Bueno
Fonte: Valor Econômico, 21/06/2005, Empresas &, p. B9

O desaquecimento da demanda por aço no mercado interno, que reduziu em 5,3% as vendas domésticas da Gerdau no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período de 2004, para 865,8 mil toneladas, e o quadro de instabilidade política provocado pelas denúncias de compra de apoio de deputados pelo governo podem levar o grupo a adiar planos de investimentos. O conglomerado ainda está estudando quais os projetos que poderão ser retardados, mas assegura que a ampliação da Açominas e a usina em Araçariguama (SP) são "irreversíveis" e não serão atingidas. "Temos outros projetos, de escala menor, alguns já anunciados e outros nem tanto, que podem ser travados, retardados, para esperar a consolidação (da situação)", disse o vice-presidente executivo de finanças do grupo, Osvaldo Schirmer, em teleconferência com analistas. O executivo não prevê melhorias no mercado interno a curto prazo, até por conta das estimativas de crescimento mais modesto do Produto Interno Bruto (PIB), mas afirma que, no caso dos projetos de maior porte, as decisões levam em conta "séries históricas mais alongadas" e independem do "humor político do momento". No fim da tarde, o grupo acrescentou, por meio de nota, que "na definição dos investimentos, (a Gerdau) segue uma estratégia de longo prazo em que as flutuações de curto prazo influem apenas parcialmente na estratégia". No caso da Açominas, estão previstos aportes de US$ 900 milhões até o fim de 2007 para ampliar a capacidade instalada anual de 3 milhões para 4,5 milhões de toneladas de aço. Em Araçariguama, o investimento na primeira fase, que começa a operar em agosto com capacidade para produzir 900 mil toneladas de aço bruto por ano, é de R$ 500 milhões, chegando a R$ 750 milhões na segunda etapa. Mas, afora estes dois projetos, até o fim do ano passado a Gerdau já havia anunciado pelo menos outros quatro para o período 2006/07. Os mais importantes são a construção de uma usina de aços especiais e a ampliação da Cosigua, ambas no Rio. Voltada para suprir a indústria automotiva, a nova unidade custará R$ 930 milhões e poderá produzir 800 mil toneladas de aço por ano, além de 500 mil toneladas de laminados. No caso da Cosigua, o plano é investir R$ 480 milhões para elevar de 1,2 milhão de toneladas de para 1,8 milhão de toneladas por ano a capacidade de produção de aço bruto e de 1,3 milhão para 1,6 milhão a de laminados. Há ainda dois projetos menores. Um deles prevê a produção adicional de 60 mil toneladas de aço por ano até 2006 na Gerdau Riograndense, mediante melhorias nos processos da aciaria. O segundo é a instalação de um novo forno de reaquecimento e a eliminação de gargalos para ampliar de 100 mil para 150 mil toneladas anuais a produção da Gerdau Cearense, em Marcanaú (CE), no ano que vem.