Título: Na linha de frente
Autor: Noelle Oliveira
Fonte: Correio Braziliense, 11/04/2010, Cisades, p. 31

Em clima de campanha, Roriz reinaugura escritório político e anuncia, para cerca de mil pessoas, que vai concorrer ao governo do DF

O ex-governador Joaquim Roriz (PSC) não mediu as palavras ao afirmar ontem, durante a reinauguração de seu escritório político, no Setor Indústria e Abastecimento, que é candidato ao governo do Distrito Federal. Sou sim candidato. É possível que eu seja multado por dizer isso, mas entrarei na fila para pagar a multa, disse, confirmando a intenção de concorrer ao governo do DF nas eleições de 3 de outubro. De acordo com a Justiça Eleitoral, no entanto, os atos oficiais de campanha só estão liberados a partir de 5 de julho. A minha vontade é de estar na rua, com o povo. Lamento ser proibido pelas leis eleitorais. Mas aqui é um escritório e aqui eu posso falar, ponderou. Antes da manifestação pública de Roriz, assessores do ex-governador estavam preocupados com a possibilidade de ferir as regras do pleito91). O discurso, inicialmente programado para ser feito em uma área aberta, foi rapidamente transferido para um auditório, após o alerta de uma possível caracterização de propaganda irregular. Durante discurso, porém, Roriz fez promessas de campanha. Emocionado, disse que transformará Brasília na cidade da saúde e lamentou o índice de desemprego registrado atualmente no DF que, segundo pesquisa do Dieese, registrou 14,1% em fevereiro.

Convite irrecusável

O deputado federal Jofran Frejat (PR) aproveitou a oportunidade para confirmar a pré-candidatura como vice na chapa do ex-governador. O parlamentar considerou que, ao ser convidado pessoalmente para integrar a chapa, não teve como recusar a oferta. Não conheço ninguém de boa-fé e decente em Brasília que pudesse dizer não um convite de Joaquim Roriz. Para tanto, estamos trabalhando na composição do meu partido e acredito que vamos fechar nesse sentido, destacou. Entre aliados, simpatizantes e curiosos, cerca de mil pessoas compareceram ao evento. O clima de campanha eleitoral tomou conta da reinauguração. Muitos ostentavam faixas e cartazes de apoio a possíveis candidatos a deputados distritais, outros proclamavam gritos a favor da campanha do ex-governador. Às 14h30, Roriz chegou ao local de helicóptero, trinta minutos após o horário marcado para o início do evento. O aparelho, de prefixo PT-HYT, pousou atrás do Ceasa e, de lá, Roriz e Frejat seguiram em uma caminhonete verde da marca Hilux rumo ao escritório. Já na chegada ao escritório, Roriz foi recebido por militantes que cercaram o veículo. Depois de muito empurra-empurra, da troca de alguns abraços e de posse para fotos, ele conseguiu entrar no local. Eu vim porque acredito nele. Estamos de volta, ele vai ter que mudar muita coisa, afirmou a dona de casa Antônia Cruz de Sousa, 45 anos. Moradora de Santa Maria, ela estava desde às 10h aguardando a chegada de Roriz. Ele vai acabar com essa bagunça que está o DF, repetia o pedreiro José Luiz Parreira, 53 anos, para cada um dos novos manifestantes que chegavam ao escritório. Sobre a crise política que atinge a capital desde a deflagração da Operação Caixa de Pandora, em novembro do ano passado Roriz pouco se manifestou. Brasília não tem culpa de nada do que está acontecendo, culpa nenhuma, afirmou. Ao Correio ele afirmou acreditar que a crise já está superada. Não há mais nada para aparecer. É só investigar o que já está aí, disse. Também participaram do evento de reinauguração do escritório de Roriz o senador Mão Santa (PSC - PI) e o deputado federal Laerte Bessa (PSC - DF), que também fizeram discursos em apoio ao ex-governador. (Colaborou Ana Maria Campos)