Título: Braskem chega ao Sudeste e acirra briga com Suzano
Autor: André Vieira
Fonte: Valor Econômico, 23/06/2005, Empresas &, p. B1

Petroquímica Companhia fecha acordo com Petrobras para produção de polipropileno em Paulínia (SP)

A Braskem definiu seu ingresso com a produção de resinas plásticas na região Sudeste. Com posição dominante no pólo petroquímico de Camaçari (BA) e relevante em Triunfo (RS), a companhia petroquímica fechou o acordo com a Petrobras para a construção da unidade de polipropileno (PP) em Paulínia, na região de Campinas. O investimento, que será de US$ 240 milhões previsto para o segundo semestre de 2007, deve ampliar a concorrência pela produção da resina de polipropileno - uma das matérias-primas mais demandadas no mundo do plástico - com o grupo Suzano. "O acordo marca a entrada no Sudeste, que é o centro do mercado. Ficaremos mais próximos dos clientes e também teremos ganhos logísticos", disse o presidente da Braskem, José Carlos Grubisich, ao Valor. A nova unidade deve faturar US$ 317 milhões por ano. Pelos termos do acordo, a empresa controlada pelo grupo Odebrecht será majoritária com a Petroquisa, o braço da estatal no setor petroquímico, na proporção de 60% a 40% do capital da nova empresa a ser criada. Não está descartada a hipótese de que a Petrobras inclua a nova companhia na opção que detém, até o fim deste ano, para aumentar sua participação no capital da Braskem. O nome da companhia ainda não foi definido. Os detalhes do acordo entre Braskem e Petrobras vêm em seguida à compra da totalidade das ações da Polibrasil por parte da Suzano Petroquímica, empresa controlada pela família Feffer. Com a aquisição, a Suzano se transformou na maior fabricante de resinas de PP na América Latina, posição que a Braskem advoga para si quando a unidade de Paulínia estiver pronta. "Com a nova planta, vamos atingir 950 mil toneladas, o que nos colocará em 2007 na posição de líder em polipropileno na América Latina", disse Grubisich. O investimento deve garantir mais 300 mil toneladas de produção de PP, podendo expandir para mais 50 mil toneladas, informou. Hoje, a Braskem opera unidades que produzem conjuntamente 600 mil toneladas no pólo de Triunfo. As unidades da Polibrasil produziram 625 mil toneladas em 2004, estão sendo ampliadas para 685 mil toneladas até o fim deste ano e devem chegar a 875 mil toneladas em meados de 2007. A expansão está prevista apenas para as plantas de Mauá (SP) e Duque de Caxias (RJ). O custo da ampliação é estimado em US$ 80 milhões. A Ipiranga também opera uma unidade de 130 mil toneladas. No acerto fechado com Petrobras, a Braskem terá maioria na gestão, que será compartilhada. Os diretores superintendente e de operações ficarão sob a responsabilidade da empresa privada. O diretor administrativo-financeiro será indicado pela Petroquisa. A comercialização da produção será feita pela Braskem. O acordo de acionista prevê a criação de um conselho de administração com três representantes da Braskem e dois da Petroquisa. A presidência do conselho será rotativa, comandada nos dois primeiros anos por um integrante indicado pela companhia petroquímica. Grubisich acrescentou que 30% do investimento será feito com recursos próprios e o restante com financiamento de longo prazo, podendo levar o projeto ao BNDES e outras fontes de empréstimo com fornecedores. "Vamos aproveitar a 'MP do Bem' que vem em boa hora", disse. Além da unidade de polipropileno, a Petrobras deverá fazer investimentos adicionais nas refinarias de Paulínia (Replan) e Vale do Paraíba (Revap) para a separação do gás, que deve gerar o propeno, a matéria-prima básica para a produção da resina. Os investimentos de cada 'spliters' são estimados em US$ 50 milhões a US$ 60 milhões. O projeto de Paulínia gerou polêmica em 1997 quando o grupo Odebrecht assinou um contrato com a Petrobras. Segundo interpretações, o acordo garantia exclusividade ao grupo baiano na realização de outros projetos da estatal no setor, o que era negado pela companhia. Mais recentemente, a Suzano contestava a validade da parceria que, segundo ela, teria expirado em 2003.