Título: Dirceu diz que não tem do que se defender
Autor: Daniel Rittner
Fonte: Valor Econômico, 22/06/2005, Política, p. A6

O ex-ministro José Dirceu, que retorna hoje à Câmara, evitou ontem tomar uma atitude defensiva em relação às acusações do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). Ele disse que não tem motivos para defender-se das denúncias de ter supostamente idealizado o pagamento do mensalão porque não é réu e nem existem provas do esquema. "Eu não sou réu e não há provas testemunhais nem nada", afirmou o petista, após a cerimônia de posse da ministra Dilma Rousseff na Casa Civil. Dirceu reagiu com firmeza quando foi confrontado pelos jornalistas com as acusações de Jefferson. "Passei 30 meses no governo, nunca fui denunciado nem processado, tive minhas contas da Presidência aprovadas (pelo TCU), sou deputado pela terceira vez, o meu mandato é absolutamente transparente", afirmou. Ao ser chamado para fazer seu discurso na cerimônia de transmissão de cargo, em solenidade no Palácio do Planalto, Dirceu foi aplaudido de pé por ministros, parlamentares e funcionários do governo. O ex-ministro se disse "triste" por deixar o governo, mas "honrado" de voltar à Câmara. Como havia dito na semana passada, ao anunciar sua demissão, reiterou que sai de "mãos limpas, cabeça erguida e alma leve". Presente na solenidade, o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, comparou a determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em apurar as denúncias de corrupção nas estatais com o governo anterior. Segundo ele, a conduta de Lula é "diametralmente oposta" à postura de "presidentes da República no passado recente que, embora sendo eles mesmos envolvidos em suspeitas de compras de voto para reeleição ou privatizações mal-cheirosas, impediram como puderam todo e qualquer processo de investigação". O prefeito de Aracaju, Marcelo Déda, negou ter recebido convite de Lula para assumir a articulação política do governo na reforma ministerial. (DR)