Título: Futuro de Angra 3 torna-se incerto
Autor: Daniel Rittner
Fonte: Valor Econômico, 22/06/2005, Política, p. A6

A chegada de Dilma Rousseff à Casa Civil torna mais incerto o futuro da construção da usina nuclear de Angra 3. A retomada do projeto, no qual já foram investidos US$ 800 milhões, tinha como principais defensores o ex-ministro José Dirceu e o ministro Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia). Com a saída de Dirceu, observadores atentos do setor elétrico avaliam que Campos não terá força suficiente para convencer o presidente Lula a dar aval para a conclusão das obras da usina. Dilma se opõe frontalmente à retomada de Angra 3. Acha que o custo da nova energia nuclear é alto demais, se comparado a opções como as termelétricas movidas a gás. Sentada perto do presidente e com poderes maiores no governo, empresários e analistas ouvidos pelo Valor acreditam que a ministra terá mais facilidade a moldar a opinião de Lula contra a usina. "Em princípio, a conclusão de Angra 3 perde força e a discussão dá uma esvaziada", diz o presidente do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura, Adriano Pires. Mas ele ressalta que a falta de investimentos no setor elétrico eleva o risco de racionamento a partir de 2009 e isso pode levar a própria Dilma a mudar de opinião a respeito da usina. "Sem investimentos, o apagão está anunciado." Em entrevista após a posse na Casa Civil, a ministra disse que encaminhará ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) a avaliação de Dirceu sobre a usina nuclear. "O fato de ele ter saído não significa que a sua posição não será levada", afirmou ela. "Isso não seria correto." Uma entidade do setor elétrico preparou um estudo técnico para subsidiar a posição de Dirceu na próxima reunião do CNPE, ainda sem data marcada. O estudo diz que a energia gerada por Angra 3 custará US$ 45 por megawatt/hora (MWh), o equivalente hoje a cerca de R$ 110.(DR)