Título: PP e PSDB refutam acusações de Jefferson
Autor: Henrique Gomes Batista
Fonte: Valor Econômico, 22/06/2005, Política, p. A8

Os novos alvos das acusações feitas pelo presidente do PTB, Roberto Jefferson, no programa "Roda Viva", na TV Cultura, passaram o dia de ontem tentando desmentir as denúncias. Citado como operador de outro suposto esquema de mensalão, o deputado federal João Pizzolatti (PP-SC) classificou as afirmações de Jefferson como típicas de um "psicopata". O PSDB, partido do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, também rebateu o petebista. Pizzolatti admitiu que oferecia "cafés da manhã" para os membros da Comissão de Minas e Energia da Câmara, da qual foi presidente entre 2004 e 2005, mas negou a distribuição de dinheiro. O deputado confirmou que no gabinete da presidência da comissão existe uma salinha reservada, como a descrita por Jefferson, mas afirmou que ela é usada para conversas reservadas e entrevistas à imprensa, por exemplo, e não para distribuir dinheiro. "Posso garantir que ninguém nunca saiu daqui com pacotinho de dinheiro". O deputado mostrou-se disposto a abrir seu sigilo bancário e ir à CPI dos Correios, ao Conselho de Ética e a todas as instâncias necessárias para esclarecer as denúncias. "Ele é réu confesso de quatro crimes e eu é que tenho que provar que sou inocente? Estou muito tranqüilo. Não quero dar palanque para o Roberto Jefferson". Partido alvo da acusação de Jefferson, o PSDB seguiu a mesma linha de defesa usada para rebater as críticas de petistas sobre a suposta compra de votos de parlamentares para a reeleição de FHC. Com a mesma nota divulgada, "rechaça a teoria conspiratória absurda" cujo objetivo é "soprar fumaça nos olhos da opinião pública". Segundo a nota, "nenhum dirigente de partido" é capaz de "apontar um único ato do PSDB contra as instituições democráticas". Outro suposto envolvido na denúncia de financiamento ilícito da campanha de FHC, o ex-presidente do PTB José Eduardo Andrade Vieira, não quis falar com o Valor sobre as acusações de Jefferson. Ex-ministro e ex-senador, Andrade Vieira assumiu o comando do partido entre 1994 e 1999. Dono do Bamerindus e um dos banqueiros financiadores da campanha do tucano, articulou a participação do PTB na coalizão com o PSDB e com o PFL. Teve papel ativo na arrecadação de contribuições financeiras de empresários. Quando ministro de FHC, o Banco Bamerindus assumiu o controle da rede de televisão CNT, de propriedade dos irmãos empresários paranaenses José Carlos Martinez, morto em 2003, e Flávio Martinez, homem próximo a Jefferson.