Título: Alta do petróleo preocupa UE; França crescerá menos
Autor: Agências internacionais
Fonte: Valor Econômico, 22/06/2005, Inmternacional, p. A8

Energia cara Governo francês revê para menos de 2% expansão este ano

O impacto negativo da alta do petróleo sobre a economia já preocupa autoridades européias. Ontem, o ministro das Finanças da França, Thierry Breton, revisou para baixo a previsão de crescimento do país em 2005. Já o Banco Central Europeu afirmou que a alta é "obviamente uma má notícia" e advertiu para o risco de uma alta de inflação, o que dificultaria a redução da taxa de juros, como pedem alguns países da região. O crescimento francês foi revisto para baixo pela segunda vez em três meses. Breton disse esperar agora que fique abaixo de 2%. Antes, a estimativa de expansão variava de 2% a 2,5%. O ministro indicou a alta do petróleo como o principal motivo da revisão. "A indústria francesa está praticamente em recessão, o consumo continua frágil e o emprego é insuficiente", disse Marc Touati, economista-chefe da Natexis Banques Populaires, em Paris. Ele espera uma expansão em torno de 1,5%. A previsão de Breton e a decisão do Banco Central da Suécia (que não faz parte da zona do euro) de abaixar suas taxas de juros elevaram a pressão para que o BCE corte suas taxas também. Os preços recordes do petróleo incentivam políticos como o premiê italiano, Silvio Berlusconi, a pressionar por juros menores. Para Christian Noyer, membro do conselho do BCE, "há que se reconhecer que a alta do petróleo é uma má notícia". "Estamos muito cautelosos, pois um elemento como os preços do petróleo pode se traduzir em custos maiores de produção e, assim, dar início a uma espiral de preços e salários que seria contraproducente", ponderou Noyer. Breton vê o declínio momentâneo do euro como uma boa notícia, já que esse movimento cambial poderia dar mais fôlego às exportações da França e da Alemanha. Isso estaria por trás da recuperação da confiança dos investidores alemães, segundo o índice do instituto ZEW. Na primeira alta em meses, a confiança do investidor subiu de 13,9 pontos em maio para 19,5, em junho. Já o governo francês anunciou que o consumo interno caiu 0,9% em maio, a maior queda em dez meses, mostrando que a população não está confiante em uma recuperação no curto prazo. A deterioração da economia francesa e uma taxa de desemprego em 10,2%, a maior desde 1999, estão dando corda na insatisfação popular. O premiê Dominique de Villepin, após ser nomeado para o posto no fim de maio, deu a si mesmo um prazo de cem dias para reavivar a confiança do país.