Título: Parmalat provisiona créditos e registra maior prejuízo da história
Autor: Carolina Mandl
Fonte: Valor Econômico, 22/06/2005, Empresas &, p. B2

Alimentos Cancelamento de R$ 242 milhões a receber eleva perda a R$ 315,2 milhões

A Parmalat Alimentos decidiu provisionar cerca de R$ 242 milhões que tinha a receber de empresas ligadas ao grupo. Em relatório que acompanha o balanço, divulgado ontem, a Parmalat afirma que eram "reduzidas possibilidades de realização destes créditos". A maior devedora da Parmalat Alimentos é a Parmalat Participações, holding da empresa operacional, com R$ 233,7 milhões. Ambas as empresas estão em concordata desde agosto do ano passado. O reconhecimento de que não receberá esses créditos vem mais de um ano depois da eclosão do escândalo contábil envolvendo a Parmalat na Itália. Desde o primeiro trimestre do ano passado, a auditoria Directa vinha manifestando em seu parecer que a Parmalat deveria provisionar os valores de empresas ligadas. Com as provisões, a Parmalat registrou o maior prejuízo de sua história no Brasil. Foram R$ 315,2 milhões de resultado negativo no primeiro trimestre deste ano, ante R$ 78,6 milhões em igual período de 2004. Além disso, o patrimônio líquido da companhia passou a ficar negativo em R$ 90,5 milhões. Mas, do lado operacional, a fabricante apresentou melhoras cerca de um ano depois de ver suas fábricas no Brasil quase paralisarem por falta de capital de giro e de sofrer uma intervenção judicial. O resultado da operação (lucro bruto menos despesas gerais, com vendas e administrativas) da Parmalat - apesar de ainda permanecer no vermelho - passou de um prejuízo de R$ 39,7 milhões para R$ 20 milhões. De janeiro a março deste ano, a receita bruta da Parmalat foi de R$ 244,5 milhões, 56% maior do que no mesmo período de 2005. A margem bruta aumentou de 13,3% para 14%. Desde março de 2004, a Parmalat está sob o comando da consultoria Íntegra, contratada pela matriz do grupo na Itália para reestruturar a empresa no Brasil. No próximo dia 2 de julho, fará um ano que a Parmalat entrou em concordata. Nesta data, a empresa deve quitar 40% dos cerca de R$ 700 milhões que ela declarou à Justiça dever a fornecedores e bancos. Antes disso, a empresa corre contra o relógio para fechar um acordo com 17 instituições financeiras, às quais deve mais de R$ 500 milhões. Em troca de seus créditos, elas receberiam debêntures não-conversíveis em ações. Se os credores e a Justiça aceitarem esse acordo, a Parmalat ganha mais tempo para arrumar suas finanças. O balanço divulgado ontem pela Parmalat não reflete a participação de 51% que ela tem na Batávia. Isso porque desde o início de 2004 uma decisão judicial excluiu a Parmalat da sociedade. Desde então, a Batávia não tem enviado suas informações à Parmalat.