Título: O negócio milionário de Paulo Borges
Autor: Vanessa Barone
Fonte: Valor Econômico, 22/06/2005, Empresas &, p. B5

Moda Sua empresa, Luminosidade, faturou R$ 16 milhões em 2004 e tem no São Paulo Fashion Week o maior contrato

Por detrás do glamour que toma conta das passarelas do São Paulo Fashion Week, que começa no dia 28 de junho e vai até 4 de julho, há uma engrenagem que se move com eficiência. Tudo começa no dia seguinte ao término de cada edição, ou antes disso. "Os desfiles do verão de 2006 começam dia 28, mas nós já estamos trabalhando para a próxima edição, de inverno de 2006, que ocorre em janeiro", diz Paulo Borges, diretor da Luminosidade, empresa organizadora do Calendário Oficial da Moda Brasileira, como é chamado o SP Fashion Week, que será realizado no prédio da Bienal, em São Paulo. A Luminosidade, empresa que em 2004 faturou R$ 16 milhões, controla a verba, de quase R$ 6 milhões, necessária para montar o São Paulo Fashion Week - que nessa edição está completando dez anos e vai concentrar 52 desfiles, entre moda feminina, masculina e moda praia. Além do Fashion Week, a Luminosidade também organiza o Amni Hot Spot, evento patrocinado pela Rhodia para formar novos estilistas; o Minas Cult, que une moda e cultura mineira em um único evento; e a Semana Iguatemi de Moda (SIM), em Salvador. Borges, que é hoje o empresário mais respeitado da área de moda do país, nasceu na cidade paulista de São José do Rio Preto e veio para São Paulo em 1980, para estudar processamento de dados. Acabou indo trabalhar com produção de moda para a "Vogue" em 1983, revista que era chefiada pela jornalista Regina Guerreiro. De lá pra cá, Borges já passou pelo Phytoervas Fashion, no início dos anos 90, ao lado da empresária Cristiana Arcangeli, e criou o SP Fashion Week, seu maior negócio até hoje, em 1995. "Fui daquelas crianças que desmontavam o brinquedo para ver como ele funcionava", diz. "Ia aos desfiles internacionais para observar seu funcionamento". Hoje, Borges chega a comandar 2,5 mil pessoas nas semanas que antecedem o início dos desfiles. Praticamente tudo o que ocorre nos bastidores do evento tem dedo seu. "O Fashion Week tem uma estrutura de fazer inveja às semanas de moda internacionais", diz ele. Mas é na profissionalização da indústria de moda que Borges enxerga seu maior mérito. "Quando começamos, as tecelagens nem ouviam os estilistas. Hoje, eles trabalham juntos". A mentalidade dos empresários do setor também mudou: como enfrentavam inflação, eles se acostumaram a produzir do dia para a noite. Ninguém planejava sua coleção ou conseguia prever quanto iria vender. "Hoje, eles já entenderam que precisam vender sua coleção antes do desfile", explica Borges. Por isso, muitas empresas já fazem pré-lançamentos cerca de dois meses antes do SP Fashion Week e muitas conseguem vender até 80% da produção. Quando as modelos sobem na passarela para apresentar as coleções boa parte da produção já está em andamento. Para janeiro de 2006, Borges planeja a retomada do Salão Nacional de Moda e Design, evento que tem apoio da Prefeitura de São Paulo, e vai reunir showroom de marcas com o foco na exportação. "Já temos os pilares da moda brasileira, agora só falta construir os andares do prédio".