Título: Saldo da balança comercial pode ser recorde este mês
Autor: Sergio Leo
Fonte: Valor Econômico, 28/06/2005, Brasil, p. A4

A desaceleração na economia no Brasil e a manutenção do consumo no mercado externo vêm compensando a valorização do real e devem garantir um saldo recorde para o comércio exterior do Brasil, segundo indicam os dados comerciais da quarta semana de junho, divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento. A diferença entre exportações e importações, na semana passada, garantiu um saldo comercial recorde de pouco menos de US$ 1,1 bilhão, nos cinco dias úteis entre 20 a 26 de junho. O saldo acumulado da balança, em junho, soma US$ 3,35 bilhões, e, se nesta semana for mantida a média registrada no mês, o saldo poderá ultrapassar o valor recorde de quase US$ 3,9 bilhões registrado em abril. O superávit acumulado no ano já é de pouco menos de US$ 19 bilhões, e as exportações, de quase US$ 52 bilhões. As vendas externas na última semana, mantiveram uma média, por dia, de US$ 482,2 milhões, ligeiramente acima da média das semanas anteriores. Com esse resultado, a média diária das exportações, em junho, elevou-se para US$ 472 milhões, 6,3% acima do registrado em junho de 2004, recorde naquele ano. As importações, na semana passada, ficaram 9% abaixo da média registrada nas primeiras semanas do mês, mas a média diária do mês ainda está 8,7% acima da média de junho de 2004. Para a economista Mônica Baer, da MB Associados, a alta de preços internacionais tem permitido aos exportadores elevar os preços de seus produtos em dólar, acomodando pressões de custos em alguns produtos. Até maio, o índice formado om os preços dos principais produtos de exportação brasileiros mostrava um crescimento de 10%. A demanda externa elevou em 11% os preços dos produtos manufaturados vendidos pelo Brasil no exterior. "Com a demanda interna baixa, a preocupação é que, de repente, haja uma súbita desaceleração na demanda externa", comenta a economista. Os principais responsáveis pelo aumento das exportações foram os produtos manufaturados, como automóveis e autopeças, aviões, aço e óleos combustíveis. Quando computadas todas as exportações do mês, o aumento em relação a junho de 2004 é de 14,5%. Em termos percentuais, o maior aumento, de 16,5%, foi dos produtos semimanufaturados como ferro fundido, manteiga e gordura de cacau e borracha sintética. Os maiores aumentos nas importações continuam para matérias-primas e componentes da indústria, e para farmacêuticos.