Título: IPCA deve ter inflação perto de zero
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 24/06/2005, Brasil, p. A2

Conjuntura IPCA-15 de 0,12% em junho reforça expectativas de forte desaceleração no índice

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve encerrar junho próximo de zero. A divulgação, ontem, do IPCA-15 de junho (que ficou em 0,12%, indicando uma queda expressiva em relação ao 0,83% de maio), reforçou a tendência declinante dos preços ao consumidor. Uma variação de apenas 0,04% no item alimentação e deflação no preço dos combustíveis contribuíram para a forte desaceleração registrada pelo IPCA-15, cuja taxa foi a menor desde julho de 2003. O economista João Carlos Gomes, da Federação do Comercio do Rio de Janeiro (Fecomercio-RJ) espera que o IPCA fique muito próximo da estabilidade no fechamento de junho. Já a consultoria Rosenberg & Associados coloca como teto para o resultado uma variação de 0,10%. A LCA Consultores espera uma taxa em 0,05%.

O resultado deste mês vai refletir não só a forte queda dos preços dos alimentos, mas também o efeito da valorização do real em relação ao dólar. O movimento, que já foi visto no atacado nos últimos índices de inflação, agora chega ao varejo com mais força, comenta Gomes. Ele calcula que esse recuo dos preços ao consumidor é reflexo da alta do real ocorrida há três meses. Exemplo de que a menor pressão por aumento do atacado chegou para o consumidor final é a desaceleração de 1,72% para 0,98% no preço dos eletrodomésticos, que têm em sua composição insumos como plástico e aço, bastante beneficiados pela baixa do dólar. Para julho e agosto, novos reajustes de tarifas públicas (como telefonia em todo o país e energia elétrica em regiões importantes como São Paulo), devem voltar a impactar a inflação ao consumidor. No ano, o IPCA-15 acumula alta de 3,51% e, nos últimos 12 meses, de 7,72%. O Banco Central persegue uma meta de 5,1% de inflação para este ano. O IPCA-15 é idêntico ao IPCA - índice usado pelo governo no sistema de metas de inflação - mas é aferido em datas diferentes. Em junho, a inflação referente aos remédios recuou para 0,16% depois de uma alta de 4,16% em maio, fruto de reajustes autorizados para os medicamentos. Os itens administrados também pesaram menos. A energia elétrica foi de 2,85%, em maio, para 0,38% em junho, e as tarifas dos ônibus urbanos permaneceram estáveis. (Com Agência O Globo)