Título: Brasileiro não se reconhece em anúncio
Autor: Eliane Sobral
Fonte: Valor Econômico, 27/06/2005, Empresas, p. B7

O homem atual vive em busca de sua identidade e seu papel na sociedade. Não quer ser identificados com aquele que se preocupa excessivamente com a aparência - caso dos metrossexuais - nem quer, ou não pode mais, ter o papel de patriarca típico, a quem tudo cabia decidir - os retrossexuais. Essa é uma das conclusões extraídas de pesquisa realizada pela agência de publicidade Leo Burnett Worldwide em 13 países, com 2 mil entrevistados. O estudo será oficialmente apresentado no Brasil em julho. A vice presidente de planejamento estratégico da unidade brasileira da Leo Burnett, Marlene Bregman, explicou ao Valor que em apenas quatro países foi feito um levantamento quantitativo e o Brasil estava entre eles. Índia, Estados Unidos e França foram os outros três. Nesses países foram entrevistados 500 homens, entre 18 e 64 anos. A pesquisa mostra que para 63% dos brasileiros entrevistados o papel do homem na sociedade ainda não está bem definido e 73% deles dizem não se identificar com as propagandas direcionadas a eles. Marlene concorda que alguns setores ainda não encontraram o tom certo para falar ao público masculino e ressalva que isso também ocorre em relação à comunicação dirigida às mulheres. "O uso dos clichês atinge os dois, mas já há uma mudança em curso e em várias propagandas já é possível ver homens sem aquele ar de incapacidade". A executiva diz que as mulheres têm sido alvo de muitos estudos e comentários, até por conta da revolução provocada por elas ao longo das últimas três décadas. "E isso tem um reflexo enorme sobre o comportamento masculino. Em contrapartida, pouca coisa se encontra sobre eles", diz Marlene que lança mão das diferenças entre homens e mulheres até para explicar a ausência de estudos sobre o público masculino. "Nós gostamos de falar, adoramos mostrar a alma, opinar, participar de pesquisa. Ao passo que eles são muito pão- duros para revelarem o que sentem. Eles não são espontâneos". Marlene acredita que os publicitários têm agora uma boa chance para conhecer e trabalhar com o novo perfil masculino. (ES)