Título: Dívida externa de empresas brasileiras cai pela metade
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 28/06/2005, Finanças, p. C3

RIO - O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, ressaltou ontem o papel da redução do endividamento privado na queda da dívida externa global do país. " Poucas pessoas sabem, mas o nível de dívida externa das empresas saiu de US$ 115 bilhões, em 2000, para o atual patamar de US$ 60 bilhões " , disse Levy. De acordo com ele, o lucro maior tem sido um dos fatores que contribuem para que as empresas reduzam os financiamentos, uma vez que muitas decidem investir com os recursos próprios. " Esse é um fenômeno mundial, as empresas estão diminuindo a alavancagem no mundo inteiro. Essa é uma das razões porque a taxa de juro mundial está baixa " , avalia.

Segundo o secretário do Tesouro, apesar de essa ser uma tendência global, no Brasil vem ocorrendo de forma ainda mais notada. " É um fenômeno que no Brasil se acelerou, as empresas estão em parte substituindo as dívidas externas por dívida doméstica em razão das melhores condições aqui, mas também, em razão da maior lucratividade, estão encontrando espaço para fazer seus repasses de investimentos " , afirmou ele.

Segundo Levy, como o nível da dívida externa pública tem sido estável, a redução à metade do endividamento privado contribuiu para redução do endividamento externo global. " Isso, aliado ao aumento de exportações nos coloca hoje numa situação muito mais tranqüila " , completou o secretário, que abriu ontem, no Rio, um seminário bilateral de comércio exterior e investimentos entre Brasil e Suíça.

Para o secretário, com essas reduções do nível de alavancagem externa, as empresas não vão encontrar dificuldades para a rolagem das dívidas nos próximos anos, o que pode, na avaliação de Levy, abrir espaço para novas captações privadas em moeda estrangeira dentro de alguns anos.

Levy lembrou que o governo já concluiu seu programa de emissões externas para este ano e que não há captações externas extras em estudo no momento. Ele ressaltou ainda a melhoria da composição da dívida interna. " A dívida está praticamente independente do dólar e temos conseguido alongar, colocando papéis nominais de até sete anos e, ao mesmo tempo, emitindo papéis no mercado doméstico até 2045 " , disse ele, que destacou ainda a redução da relação dívida/PIB por três anos consecutivos.