Título: Instabilidade econômica do país acabou, diz Palocci
Autor: Sergio Lamucci
Fonte: Valor Econômico, 29/06/2005, Brasil, p. A2

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, disse ontem que a "nossa história de instabilidade definitivamente acabou". Segundo ele, pela primeira vez na história do país há uma conjunção de três fatores simultânea: crescimento do PIB, superávit relevante da poupança pública e resultado positivo em conta corrente. "As condições para o desenvolvimento estão dadas. Costumo dizer que o sistema imunológico do Brasil está muito mais fortalecido e o país ganhou tecido muscular para fazer frente com muito mais tranqüilidade às oscilações da economia internacional ou de outras frentes." Essa foi a única referência de Palocci à crise política. Ele participou do prêmio Melhores e Maiores, da revista "Exame". O ministro ressaltou a consolidação dos indicadores macroeconômicos do país desde 2002. Lembrou que o Brasil tem um superávit de 2% do PIB em conta corrente e um saldo comercial de US$ 38 bilhões no acumulado de 12 meses. O ministro também destacou o desempenho da política fiscal que reduziu a dívida liquida do setor público dos mais de 60% do PIB em 2002 para os atuais 50,3% do PIB. Palocci aproveitou para defender a politica monetária do Banco Central. Ele lembrou que em meados de 2003 a inflação acumulada em 12 meses era de 17% ao ano. "Graças à política monetária o Brasil terminou 2004 com inflação de 7,6% e hoje os analistas projetam um índice de 6% para 2005 e de 5% para 2006." Segundo Palocci, o custo de curto prazo de uma política monetária austera é largamente superado pelos benefícios de médio e longo prazos. Desse modo, será possível atingir o período de juros reais mais baixos, disse. Ao se referir à gestão fiscal, diz que estão lançadas as bases para uma política de contas públicas para os próximos dez anos, que leva em conta o tamanho e a qualidade dos gastos feitos pelo governo. Além dos fundamentos macroeconômicos, Palocci disse que o governo vem implementando uma agenda de reformas para aumentar a eficiência e atrair investimentos. O presidente do BNDES, Guido Mantega, também presente ao evento, informou que o banco emprestou R$ 20 bilhões no primeiro semestre. Esse número é R$ 2 bilhões superior aos R$ 18 bilhões desembolsados no mesmo período de 2004. Além disso, representa um terço do orçamento de R$ 60 bilhões previsto para 2005. Ele disse que não há pressa em emprestar o restante porque as empresas estão capitalizadas e há liquidez no mercado internacional.