Título: Pressão de senadores leva Palocci a garantir recursos para metrôs
Autor: Arnaldo Galvão
Fonte: Valor Econômico, 29/06/2005, Política, p. A5

Pressionado por vários senadores da oposição, o governo recuou e prometeu garantir recursos para parte dos investimentos necessários para as obras dos metrôs de Recife, Salvador, Fortaleza e Belo Horizonte. Além disso, dará amanhã uma resposta sobre um pedido de aproximadamente R$ 100 milhões para as vítimas de enchentes e seca no Nordeste. O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante, informou que, em dez dias, será apresentada uma proposta com as prioridades em cada um desses projetos de metrô. O objetivo é reduzir custos e estabelecer um cronograma efetivo para as obras alocando recursos no Projeto Piloto. São investimentos de qualidade livres das limitações de gastos para realizar o superávit primário. O empréstimo com o Banco Mundial será mantido, mas vai haver transferência total de responsabilidades pela gestão dessas obras de metrô para os Estados e municípios envolvidos. Os investimentos podem ser liberados ainda neste ano. Ontem, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, recebeu o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (SP), e nove senadores da oposição: Hélio Costa (PMDB-MG), Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), José Agripino Maia (PFL-RN), José Jorge (PFL-PE), Patrícia Saboya (sem partido-CE), Sérgio Guerra (PSDB-PE), Arthur Virgílio (PSDB-AM), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Aelton Freitas (PL-MG). O líder do PFL, José Agripino Maia, disse que é "inaceitável" ter uma medida provisória liberando dinheiro para o Haiti e para as vítimas do tsunami e, ao mesmo tempo, ouvir do governo o cancelamento dos recursos destinados aos metrôs de Salvador e Recife porque não têm contrapartida para o dinheiro do Banco Mundial. "Bloqueamos a pauta até que, politicamente, se resolva uma questão socialmente justa e inadiável", explicou o senador antes da reunião com Palocci. No caso do metrô de Salvador, Mercadante disse que o custo era de US$ 307 milhões e saltou para US$ 440 milhões. O aumento foi muito expressivo e o senador questionou se isso é indispensável. "Alguns metrôs estão fazendo duas linhas ao mesmo tempo. Não seria possível fazer uma por vez?" O líder do governo no Senado reconheceu que o direito de obstrução da oposição é democrático. Mas como a questão dos metrôs é procedente, disse que a preocupação maior é não encerrar o empréstimo com o Banco Mundial, o que poderia prejudicar esses investimentos estruturantes. Como as contrapartidas têm sido baixas, as liberações do Banco Mundial são pequenas e o custo de manutenção é alto. Para o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Murilo Portugal, não há como implementar todos os projetos da maneira como vinham sendo tratados. O senador Sérgio Guerra afirmou que o mais relevante é que está decidido que haverá recursos para esses projetos e o que já foi contratado não será perdido. Para Arthur Virgílio, a crise política existe e tem de ser resolvida ao longo das investigações. Mas o Senado não vai ser paralisado. "Prova disso é que estamos aqui numa atividade essencialmente legisladora", disse.