Título: Ciro diz que falta de provas o levou a "esquecer" denúncia
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Fonte: Valor Econômico, 29/06/2005, Política, p. A10

Em depoimento à Comissão de Sindicância da Corregedoria da Câmara que apura as denúncias sobre o mensalão, o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, confirmou que soube da denúncia de Roberto Jefferson (PTB-RJ) há um ano e meio: " Ele disse isso para mim no meio de um conversa, falei que não acreditava nas denúncias e perguntei se ele tinha provas. Como não tinha, esqueci do assunto " .

Ciro disse em seu curto depoimento - apenas seis minutos - que não se arrepende de não ter levado adiante as denúncias fornecidas por Roberto Jefferson. " Um mau costume é mal-falação, a fofoca, a boataria e isso em Brasília é uma prática diária. Se não soubermos lidar com isso pode nos atrapalhar " , disse. Ele afirmou também que não poderia levar adiante uma denúncia que não era dele e da qual não havia provas.

O ministro disse que até hoje não acredita na existência do mensalão: " O que pode ter é uma desigualdade e problemas cônicos no financiamento de campanhas eleitorais " .

Ontem, a Comissão de Sindicância tinha ouvido, até o fechamento desta edição, oito depoimentos. Além de Ciro, os deputados ouviram o ministro do Turismo Walfrido Mares Guia, os deputados Luiz Piauhylino (PDT-PE) e Joaquim Francisco (PTB-PE).

A comissão também ouviu Emerson Palmieri, tesoureiro do PTB, Fernanda Karina Somaggio, ex-secretária de Marcos Valério, os empresários José Carlos Mancuso e Joel Santos - acusados por Jefferson de participarem das gravações que flagram o ex-diretor de compras do Correios, Maurício Marinho, recebendo R$ 3 mil de propina.

De acordo com o deputado Givaldo Carimbão (PSB-AL), um dos cinco deputados que acompanham os depoimentos fechados, o mais esclarecedor foi o de Palmieri. " Ele nos deu muitas pistas, avançamos muito na investigações " , afirmou. Hoje a Comissão de Sindicância deve ouvir, entre outros, o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, e o presidente do PT, José Genoino, o tesoureiro do partido, Delúbio Soares, o secretário do PT, Sílvio Pereira e o publicitário Marcos Valério.

Antes de seu depoimento, Ciro Gomes confirmou que deve anunciar sua migração do PPS para o PSB hoje ou amanhã. " Vocês terão novidades muito em breve " , afirmou. O objetivo do partido é ver o ministro como candidato ao governo do Rio de Janeiro em 2006 pela nova legenda, mas ele vai assinar a ficha de filiação ao PSB mantendo seu atual domicílio eleitoral - o Ceará.