Título: MP sugere investigação de três corretoras
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 29/06/2005, Política, p. A10

O Ministério Público Estadual do Rio requisitou a instauração de um inquérito penal para fazer uma investigação mais detalhadas de supostos ilícitos praticados no IRB-Brasil Resseguros. A decisão foi tomada após análise do relatório apresentado, na última sexta-feira, pela comissão de sindicância do IRB. "Identificados os ilícitos penais, estamos requisitando a instauração de inquérito policial", informou o procurador-geral de Justiça do Rio, Marfan Vieira. Segundo ele, até amanhã o inquérito será instaurado. Também deverá haver um inquérito civil para investigar as improbidades administrativas. O relatório de sindicância do IRB foi entregue na última sexta, quando estiveram no MP estadual três representantes da comissão. A conclusão do documento, cuja cópia foi fornecida pelo Ministério Público, sugere que sejam iniciadas investigações de improbidade administrativa dos dois últimos ex-presidentes do IRB e de ex-diretores e funcionários da instituição, assim como o das corretoras Assurê, Cooper Gay e Alexander Forbes. Também sugere o documento que sejam investigadas algumas estatais como Furnas, Eletrobras Termonuclear e Infraero. Segundo informações do MP, causou estranheza à comissão de sindicância, por exemplo, a indicação da corretora Assurê, que passou a deter fatia significativa das coberturas de risco que o IRB retrocede ao mercado, sendo que a corretora não participava desse mercado até 2003. O relatório informa que a Assurê foi indicada pelas estatais, como corretora à qual deveriam ser repassados seus contratos de cobertura de risco. O coordenador de investigação penal do MP estadual , Rubem Viana, analisou o material entregue pela comissão e detectou no primeiro momento a existência de pelo menos um ilícito, que justifica a abertura do inquérito, o de advocacia administrativa. Segundo o MP, isso significa "patrocinar de forma direta ou indireta interesse privado perante a administração pública valendo-se da qualidade de funcionário". Para o coordenador de investigação penal, outros ilícitos podem ser encontrados. "Tenho convicção de que, aprofundadas as investigações, nós vamos chegar a outros crimes que estariam por trás de todas essas condutas ilícitas praticadas no IRB e seus arredores", disse Viana. "Admito a hipótese de tráfico de influência, de corrupção ativa, de corrupção passiva. São hipóteses", afirmou.