Título: Mercado depende de mistura e custo
Autor: Cibelle Bouças
Fonte: Valor Econômico, 29/06/2005, Agronegócios, p. B13

Enquanto o plantio de mamona e palma para a produção de biodiesel avança no país, empresas que já produzem biodiesel enfrentam dificuldades para vender o combustível no mercado interno, já que a mistura no diesel ainda não é obrigatória e seu custo é mais alto que o do diesel. Dos seis grupos que investem hoje na atividade, só Petrobras, Agropalma e Biobrás têm acordo para vender biodiesel à BR Distribuidora e à Ale Combustíveis, segundo informaram as empresas. Arnoldo de Campos, representante do Grupo Gestor do Biodiesel, que reúne cinco ministérios, diz que o governo estuda estratégia para abrir o mercado do biodiesel. "O problema é definir o preço que as distribuidoras pagarão pelo biodiesel". Ele observa que o valor não pode ser nem igual ao diesel (em torno de R$ 1,03 por litro nas distribuidoras), nem igual ao que a Europa paga pelo biocombustível (R$ 4 por litro). Segundo dados do governo, cinco grupos têm plantas instaladas com capacidade para produzir 406 milhões de litros por ano de biodiesel. Para 2005, está prevista produção de 100 milhões de litros; para 2008, 1 bilhão de litros. Campos diz que há outros projetos na fila. A Brasil Ecodiesel estuda implantar uma unidade em Teresina (PI), com capacidade para 730 mil litros por ano. O francês Dagris também deverá implantar em 2006 uma unidade em Luís Eduardo Magalhães (BA), para 13 milhões de litros por ano de biodiesel de mamona e algodão. As cooperativas gaúchas Coasa, Cotrimaio e Copercana submeteram ao BNDES projeto para uma unidade de 9 milhões de litros por ano de biodiesel de soja. A Granol também estuda implantar uma unidade de biodiesel de soja a partir de 2006. Conforme dados da Conab, a produção de mamona na safra 2004/05 cresceu 50,7%, para 161,7 mil toneladas. No Nordeste, o aumento foi de 47,5%, para 154,1 mil toneladas. O programa do governo já envolve 100 mil famílias assentadas e a meta é atrair mais 200 mil famílias até 2008, com plantio de 400 mil hectares. No caso da palma, a Agropalma responde por 75% da produção de dendê e por todo o processamento do biodiesel. Marcello Brito, diretor comercial da empresa, diz que hoje a Agropalma consome a produção do biocombustível e que a partir de julho venderá à BR. A companhia também negocia exportações para a Europa. Para ele, os produtores de mamona não terão a mesma oportunidade no exterior. "O combustível de mamona não se classifica nas especificações internacionais de biodiesel". (CB)