Título: Inadimplência nos financiamentos rurais alcança R$ 6,4 bilhões
Autor: Mauro Zanatta
Fonte: Valor Econômico, 29/06/2005, Agronegócios, p. B14

O governo federal informou que o tamanho da inadimplência nos financiamentos agrícolas no período 1995-2005 é de R$ 6,4 bilhões. Esse valor refere-se às operações de securitização e às relativas ao Programa Especial de Saneamento de Ativos (Pesa), de 1997. O assessor especial do presidente da República, José Graziano, afirmou ontem que qualquer prorrogação dessas dívidas terá um custo muito alto para a sociedade porque essas operações financeiras são lastreadas pela emissão de títulos do Tesouro Nacional. Essa dívida, de acordo com Graziano, está concentrada em grandes produtores: 8 mil respondem por financiamentos de R$ 5 bilhões. E mesmo nos anos de maior renda para o campo - 2003 e 2004 -, os níveis de inadimplência não diminuíram. As dívidas não pagas nesses programas de securitização e no Pesa terão de ser inscritas na dívida ativa da União até outubro. "Já provisionamos R$ 1,8 bilhão", revelou Graziano. Ele explicou que esses programas de refinanciamento implicam em pagamentos anuais de pouco mais de 2% da dívida. O principal acaba perdoado e o pagamento de juros é alongado por 25 anos. Portanto, somente no início de novembro será possível calcular o tamanho do rombo que será assumido pelos cofres federais. Desde 1995 o governo federal informou que já subsidiou R$ 32 bilhões nos programas de securitização e no Pesa. Isso significa aproximadamente US$ 15 bilhões. Atualmente, esses contratos envolvem 126 mil produtores rurais, o que leva a uma dívida de pouco mais de R$ 19 bilhões, incluindo capital e juros da dívida. A inadimplência atinge aproximadamente 52 mil contratos, o que corresponde a 41% do total. Do universo de R$ 6,4 bilhões, R$ 5,2 bilhões são das duas securitizações e R$ 1,2 bilhão do Pesa. O quadro mais grave, de acordo com o governo, é o da securitização (SEC I): 34 mil contratos inadimplentes, ou 92% do total. A dívida nessa carteira é de R$ 3,9 bilhões. Na SEC II a inadimplência é menor, mas também preocupante: 17% ou R$ 1,3 bilhão. No Pesa - operação típica de grandes produtores e cooperativas - 45% dos contratos estão inadimplentes.