Título: Pacote para destravar Rodada de Doha
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 29/06/2005, Agronegócios, p. B14

O mediador da negociação agrícola na Organização Mundial de Comércio (OMC), Tim Groser, delineou um pacote que, na sua visão, deve ser aprovado até o dia 31 de julho, para permitir que a Rodada de Doha avance. Em documento enviado na segunda-feira aos 148 países-membros, o mediador propõe que nas próximas semanas os países tentem definir a estrutura de pelo menos alguns pontos centrais de uma fórmula para reduzir tarifas de importações agrícolas. Já questões como o nível de ambição da liberalização, ou seja, os percentuais de corte de tarifas e redução de subsídios serão definidos entre setembro e dezembro, às vésperas da conferência ministerial da OMC em Hong Kong. Ele reitera que os países precisam desenvolver uma "abordagem simples" para ter "melhora substancial" no acesso ao mercado para todos os produtos, com dois objetivos adicionais: progressividade (corte maior nas tarifas mais altas) e flexibilidade para produtos especiais e sensíveis (corte menor de tarifas. "Precisamos estruturar questões que são as maiores responsáveis pelas amplas distorções nos mercados agrícolas mundiais". Ontem, o Brasil liderou reunião do G-20 para discutir o documento. No pilar de apoio interno aos produtores, o mediador afirma que já está claro que qualquer fórmula vai atacar os níveis de subsídio que três membros podem dar hoje: a UE, com US$ 59,8 bilhões; os EUA, US$ 19,1 bilhões, e o Japão, US$ 35,9 bilhões. Uma das idéias é definir três ou quatro bandas de corte dos subsídios internos. No terceiro pilar, de subsídios à exportação, como já está acertado que serão "eliminados", a questão mais urgente é elaborar compromissos paralelos nas áreas de estatais que têm o monopólio de exportação de produtos agrícolas, no Canadá e Austrália, por exemplo, e também sobre a ajuda alimentar, pela qual países como os EUA acabam disfarçando subsídios. Na prática, os mais protecionistas, como a UE, não têm dado sinais de se mover, até por sua situação política interna. No entanto, aumentam as demandas para países como o Brasil se comprometerem com amplas aberturas em serviços e produtos industriais.(AM)