Título: Ciro visita Arraes e formaliza adesão ao PSB
Autor: Paulo Emílio
Fonte: Valor Econômico, 30/06/2005, Política, p. A4

O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, formalizou ontem sua saída do PPS para integrar os quadros da bancada do PSB. O anúncio foi feito durante uma visita ao deputado e presidente nacional do PSB, Miguel Arraes, que encontra-se internado em um hospital do Recife. Na ocasião, Ciro também comentou a crise política que atravessa o País e disse acreditar em resultados "dentro de 60 ou 90 dias", quanto aos procedimentos adotados para investigar os recentes escândalos de corrupção nos Correios e do pagamento do mensalão a deputados do PP e do PL. Ciro disse que a decisão de se filiar a um outro partido foi tomada há alguns meses e que a recente crise política ou a reforma ministerial em andamento não tiveram nenhum tipo de influência neste processo. Ele confirmou ter sido sondado pelo PT, mas a opção pelo PSB teria sido por afinidade nova legenda. "Concluí entendimentos com amigos no País inteiro e no Ceará. Chegamos à conclusão que o partido mais qualificadamente no campo progressista brasileiro, que representa as possibilidades que o País precisa em um partido e que se situa no campo da luta popular, é o PSB", disse. Ciro filiou-se através do PSB do Ceará. Segundo ele, cerca de 40 prefeitos cearenses deverão segui-lo na nova legenda. O ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos (PSB) disse que Ciro é um grande nome para o partido e reafirmou o compromisso de que o PSB permanecerá integrando a base de sustentação do governo federal. Ciro criticou o seu antigo partido. Dizendo ter divergências profundas com a burocracia partidária, eleafirmou que o partido não tinha o "direito diante das primeiras dificuldades de desertar de suas responsabilidades", referindo-se ao fato do PPS ter abandonado a base aliada do governo antes mesmo de "ter visto as dificuldades mais graves". O ministro disse que o atual governo herdou um País repleto de problemas de infra-estrutura e de ordem sócio-econômico e que, por isso, a agenda atual não poderia ter sido tratada com leviandade e falso idealismo. "O Governo Lula está acertando mais do que errando. Não é razoável para quem tem responsabilidade achar que isso vai ser resolvido do dia para a noite", declarou. Ainda em relação às dificuldades enfrentadas pelo governo, Ciro disse que os casos de corrupção dos Correios e o escândalo do mensalão na Câmara devem ser investigados. "O povo já não aguenta mais a notícia desagradável da roubalheira, da pilantragem e da safadeza, ser premiada com a impunidade", afirmou. Segundo ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu ordens claras, para apurar os fatos, colocando a Polícia Federal e a Controladoria Geral da União no cenário das investigações. "Isso é a democracia atuando. A democracia tem mecanismos de controle. Aí sim, se concertam as coisas e o país avança. É desagradável, vamos sofrer um pouco. Mas dentro de 60 ou 90 dias teremos um país melhor", disse.