Título: As duas canoas do PTB
Autor: Iunes, Ivan
Fonte: Correio Braziliense, 20/03/2010, Política, p. 4

Presidente da legenda quer se alinhar a Serra, mas uma corrente significativa prefere Dilma

Terceiro maior partido da bancada governistano Congresso, o PTB vive uma guerra silenciosa nos bastidores paradefinir os rumos eleitorais. Rachado entre duas correntes, o partidomantém o namoro com a candidatura petista, da ministra-chefe da CasaCivil, Dilma Rousseff, em movimento capitaneado pelos senadores GimArgello (DF) e Fernando Collor (AL). Em via inversa, grãos-mestres dopartido, como o ex-deputado federal Roberto Jefferson e o deputadoestadual Campos Machado (SP), flertam com o governador paulista, JoséSerra. A costura incluiu encontros no DF durante a semana. Principal dirigente do partido nos últimos anos, Jefferson e oaliado Campos Machado trabalham para que a legenda se alinhe àcandidatura de Serra. A principal oposição aos planos da dupla é otrabalho de bastidores de Collor e Argello. Durante a semana, ascorrentes participaram de almoços e jantares para tentar arregimentaraliados no partido. A intenção é evitar que a disputa nos bastidorestome repercussão pública e resulte em uma decisão traumática, adotadapor convenção. O primeiro encontro foi um jantar promovido por Argello e Collorcom os parlamentares do PTB no Congresso, na terça, dia 16. Dossenadores, apenas Mozarildo Cavalcante (RR) recusou-se a sentar à mesa.Na manga, Collor e Argello trouxeram a possibilidade de o PT abrirespaço para candidaturas petebistas em estados menores, como o Amapá.Para fechar aliança com Dilma, os petebistas contam com a possibilidadede voltar a ocupar um ministério desde a saída de José Múcio da pastade Relações Institucionais, no ano passado, não há petebistas empostos-chave da Esplanada. Os petebistas pró-Dilma apostam no crescimento da candidata paraevitar um acordo nacional com os tucanos. O Roberto Jefferson é opresidente do partido e tem mais votos na convenção nacional, mas ocrescimento da Dilma favorece uma aliança com o PT, pressiona Argello.O senador aposta na aliança com a ministra-chefe da Casa Civil parareforçar a própria candidatura ao governo do DF. Para neutralizar o movimento do senador e de Collor, Jefferson tevealmoço reservado na quarta-feira com o ex-senador Joaquim Roriz (PSC),que sonha voltar ao Palácio do Buriti. Durante o encontro de duashoras, o ex-governador do DF teria oferecido a Jefferson uma aliançacom o PTB e deixou o palanque aberto para Serra. Caso o acordo sejasacramentado, Argello ficaria de fora da disputa no DF. Jefferson e Argello sentaram à mesma mesa na quinta-feira. Semacordo, o provável é que o partido repita a estratégia de 2006 e nãofirme alianças formais com nenhuma candidatura à Presidência. Aindaestamos tentando encontrar uma decisão pacífica, partir para umaconvenção é sempre complicado. Temos ainda 70 dias para definir umrumo, analisa Argello.