Título: PT é o sétimo partido nos grotões.
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Fonte: Valor Econômico, 25/10/2004, Política, p. A-6

O PT avançou nos municípios com menos de 10 mil eleitores, mas não a ponto de mudar o seu perfil: é o que mais se concentra nas médias e grandes cidades e o de menor capilarização. Crescer nos chamados "grotões" era um dos objetivos do partido nestas eleições municipais. As cidades com menos de 10 mil votantes são 60,9% do total de 5.562 municípios. Representam, contudo, apenas 13,9% do eleitorado, ou 16,6 milhões de eleitores. Em uma eleição presidencial, querem dizer pouco. Tradicionalmente melhor representados neste município, PMDB e PFL não conseguiram sequer construir uma candidatura própria nas duas últimas eleições. Mas na eleição para a Câmara dos Deputados e os governos estaduais, as pequenas cidades podem fazer a diferença. Foram decisivas para as derrotas do PT no segundo turno das eleições para governador em 2002, por exemplo. O PT passou de 80 prefeitos nesta faixa de eleitorado após a disputa municipal de 2000 para 219 este ano. No total de municípios, pulou de 174 para 400 entre uma eleição e outra, descontando as cidades em que há segundo turno. Há quatro anos, as pequenas cidades eram 45,9% do total de prefeitos do PT eleitos no primeiro turno. Hoje, são 54,7%. Mesmo com esta evolução, o PT ainda é o partido em que as pequenas cidades menos pesam no total. No PSDB, esta proporção é de 59,9%. No PMDB, de 65,3%. O recordista é o PP, com 66,1% dos eleitos nesta faixa. Caso os pequenos municípios fossem excluídos, o PT seria o quinto maior partido do país em número de prefeitos, atrás somente do PMDB, PSDB, PFL e PP, nesta ordem. Quando se faz a conta inversa, considerando apenas as cidades com menos de 10 mil eleitores, o PT é ultrapassado pelo PTB (270 prefeitos) e pelo PL (241). Na cômputo geral, o PT é o sexto em número de prefeituras, atrás do PTB e à frente dos liberais. Das três grandes seções do partido (Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul), está entre os gaúchos a maior concentração em cidades pequenas, com 27 dos 43 prefeitos eleitos nesta faixa. A seção do PT em São Paulo é a com perfil mais concentrado em médias e grandes cidades. Somente 19 dos 53 eleitos são dos municípios menores, ou 36% do total. Esta porcentagem deve recuar mais um pouco caso se confirmem as pesquisas e o PT ganhe no segundo turno em Santos e Osasco. Nos demais Estados, a menor capilarização está na Bahia, onde somente três dos 21 eleitos governaram cidades com menos de 10 mil eleitores. O caso oposto está em Tocantins, onde 13 dos 16 eleitos estão nesta faixa, inclusive o prefeito de Rio da Conceição, com 1.192 eleitores, o menor município a ser governado pelo partido. O resultado das urnas no primeiro turno mostra também que o PT continua sem penetração expressiva nos municípios mais pobres do país. Isolando o resultado dos 100 pequenos municípios com o mais baixo IDH, o PT conquistou dez deles, mesmo número que o PP. O PFL ganhou em 19 destas cidades, o PSDB venceu em 15 e o PMDB em 13. Este conjunto dos municípios mais miseráveis abrange cidades de todos os Estados do Nordeste, com exceção do Ceará e do Rio Grande do Norte, além de cidades no Amazonas, Pará e Acre. A pernambucana Manari, com o mais baixo IDH do país, ficou nas mãos do PHS.